sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Nº 78



SOBRE INCREDULISMO
por Vincent Cheung


Devemos ameaçar todos os professores da descrença em nome de Jesus. Isso inclui os cessacionistas, mas não somente os cessacionistas. O cessacionismo é muitas vezes debatido porque se trata de uma controvérsia conhecida, e existe um termo em comum para fazer isso. Entretanto, trata-se de uma questão básica, de modo que, mesmo depois de uma pessoa ter superado o cessacionismo, ela teve apenas um pequeno progresso. A admissão dos dons do papel tem se tornado cada vez mais popular  do que já foi antes, mas isso ainda é insuficiente. Poderia ser até mesmo um posicionamento enganoso, porque é bem aqui que as pessoas dizem finalmente crer no que a Escritura ensina, mas o problema é que elas ainda se recusam a fazer o que ela diz. Tiago escreveu que, se olharmos a Palavra de Deus, mas não obedecermos a Palavra de Deus, enganamos a nós mesmos. Pensamos que estamos fazendo algo, quando não estamos fazendo nada. Sentimos que honramos o evangelho, mas nós o desonramos ainda mais.

O evangelho exige que não apenas afirmemos os dons do Espírito em nossa doutrina, mas que os ensinemos e os exercitemos agressivamente. Mesmo após fazer essas coisas, muita descrença ainda pode permanecer além da categoria de dons espirituais. Por exemplo, uma pessoa estar convencida sobre o dom da cura, e mesmo após ter testemunhado ou realizado uma cura por meio de tal dom, ela ainda pode permanecer ignorante quanto ao fato de que a cura foi assegurada no tempo presente pela expiação de Cristo, que esta é prometida à fé, e que deve ser recebida à parte de qualquer dom. Esta verdade é ainda mais básica para o evangelho do que os próprios dons espirituais, porém é ainda mais negada do que os próprios dons espirituais, e até por pessoas que operam com dons espirituais. Então, é evidente que os cristãos não alcançaram o ponto onde eles poderiam orar com confiança, “o pão nosso de cada dia, dá-nos hoje. E que eles rejeitam completamente o ensinamento de Jesus, de que se buscássemos primeiro o reino de Deus, então todas essas coisas”, coisas que os pagãos procuram, seriam acrescentadas a nós.

Lembre-se de que estas coisas constituem os ensinamentos que foram dados por Jesus antes mesmo dele subir à cruz ou ascender ao Céu, e antes dele derramar o Espírito Santo para capacitar o seu povo. É desse modo que a igreja caiu. Os cristãos ainda não acreditam no que Jesus esperava que seus seguidores acreditassem antes da sua crucificação. E, no entanto, muitas dessas pessoas estão obcecadas por pontos técnicos da teologia e da filosofia cristã, e se consideram fiéis e fortes na apologética e noutras coisas mais. E quanto aos ensinamentos delas sobre aqueles que estão em Cristo”? E quanto a doutrina de que fomos feitos justiça de Deus, em Cristo? A consciência do pecado permeia toda a doutrina e religião deles, mas o escritor de Hebreus diz que aqueles que foram purificados não deveriam mais ter a consciência do pecado. Continuar a pregar, e até mesmo insistir na consciência do pecado, não é humildade, mas sim relegar o sangue de Cristo ao nível do sangue de touros e cabras. É fácil de encontrar com essas pessoas tomos de centenas de páginas sobre arrependimento, depressão e melancolia, mas não podemos encontrar algum que fale muito sobre a nossa posição como justiça de Deus, e de que, como Paulo disse,  nós reinaremos em vida por meio de um, Jesus Cristo. Se isso não é uma negação do evangelho, o que mais pode ser? E são eles que condenam outras pessoas. O que é preciso? E são eles que condenam as pessoas.

Nós oferecemos vários exemplos, mas a lista de itens parece ser infinita. Não há um termo em comum para cobrir tudo isso. Novamente, o cessacionismo apenas é uma discussão em comum porque as pessoas estão familiarizadas com isto, e há um termo comum bem conveniente para isso. Mas há todo um reino de incredulidade além da rejeição dos dons do Espírito, mas a maioria das pessoas sequer percebe isso. Entre nós, muitas vezes nos referimos a isso, traduzindo para os chineses, como ensinamentos de incrédulos”, ou ensinamentos dos sem-fé”, ou ensinamentos da não-fé” (literalmente, ensinamentos sem-fé). E nos referimos à essas pessoas como pessoas da incredulidade”, ou pessoas sem ”, ou pessoas de não-fé” (ou gente sem fé). Não os chamamos assim no mesmo sentido que chamamos outros de não-cristãos ou incrédulos, embora alguns deles sejam realmente não-cristãos e incrédulos. Às vezes usamos termos como derrotismo, teologia deformada, e assim por diante. Mas, eu acho que incredulismo, sem-fénão-fé são melhores como termos mais permanentes. Eles poderiam abranger todo o espectro da incredulidade cristã, abrangendo tanto as coisas que pertencem ao evangelho quanto os dons do Espírito, e também as coisas que estão sob o evangelho.

Toda descrença é do diabo. Aqueles que ensinam a incredulidade devem ser repreendidos por nós com dureza, para que sejam sólidos na fé, pois se eles negarem as promessas nas Escrituras sobre isso ou aquilo, alegando que significam algo diferente, então, como poderão reter as promessas da Escritura quanto a sua salvação? Qualquer princípio de interpretação que eles usarem para descartar um conjunto de promessas da Escritura também deve ser aplicado às suas promessas da salvação, e o resultado é que eles diretamente se ejetam do reino dos céus rumo ao inferno, onde existe choro e ranger de dentes. Eles inventam suas próprias teorias, estruturas e pressupostos, e impõe elas à Palavra de Deus, visando substituir os mandamentos de Deus pelas tradições dos homens. Como apóstolo advertiu, se alguém acrescentar algo às palavras deste livro, Deus lhe acrescentaria as pragas que viriam, e se alguém tirar as palavras deste livro, Deus removeria o seu nome do livro da vida.

Mesmo assim, eles são destemidos, não possuem temor à Deus e agem como se não estivessem fazendo nada de errado. Quando os expomos por meio de uma representação exata da sua doutrina e revelamos o resultado devastador da sua loucura, eles reclamam que atacamos um espantalho. A verdade é que nós entendemos a doutrina deles melhor do que eles mesmos, e também percebemos todos os ângulos e resultados dels. A queixa de que os deturpamos, quando não os deturpamos, revela que eles foram expostos e que não possuem defesa contra nós. A estratégia de alegar espantalhos é uma faca de dois gumes. É bem verdade que, se você atacar alguém usando um espantalho, estará se expondo como injusto e desinformado. No entanto, se você se defender com um espantalho, estará se expondo como alguém fraco e estúpido, como se o seu oponente estivesse exatamente correto ao seu respeito. Eles não sofreram um ataque de espantalho, mas eles estão usando uma defesa de espantalho. Deixem que eles façam essa reclamação no Dia do Julgamento! Deixem que eles usem a desculpa do espantalho diante do trono de Deus!

Existem personalidades proeminentes do lado deles. Celebridades cristãs. E eles se beneficiam das pessoas cujos ensinamentos são de incredulidade e derrota. Eles confortam as pessoas, dizendo “paz, quando não há paz, é dizendo “isso é uma dádiva de Deus, quando o próprio Deus chama aquilo de maldição. Então, eles apresentam um falso dilema para as promessas de Deus, do Pai que sabe que você precisa de todas essas coisas, e dizem que essas promessas visam muito pouco e prometem pouco, e que ao invés disso as pessoas devem se concentrar nas promessas mais altas. Essa é uma desculpa piedosa para uma rejeição do sangue de Jesus Cristo. Se você castigar as promessas explícitas do evangelho como  sendo muito baixas, demasiado profanas,  ou demasiado mundanas, então, você não é mais um pregador cristão. Você está pregando algum outro evangelho, alguma outra religião. Mas, atenção! Você ainda pode forçar isso o quanto quiser, mas só até ser revelado como um réprobo. Deus é o Deus do céu, e não da terra? Ele é o Deus dos montes, e não do vale? Este tipo de teologia mal sucedida é algo totalmente inaceitável. O simples senso bíblico de muitas pessoas está em curto-circuito por causa de grandes nomes, mas isso é idolatria. Deus não faz acepção de pessoas. Deixe de ser criança! Se quiser ser um líder para o povo de Deus, você terá que crescer, ser inteligente e parar de jogar jogos religiosos de desculpas com a palavra de Deus.

Se estamos satisfeitos em ter um professor como este, um professor sem-fé, então estamos satisfeitos com muito pouco, quando poderíamos ter muito mais. A igreja de Jesus Cristo não está no lugar onde deveria estar nesse momento, mas ela ainda não está totalmente empobrecida. Não precisamos de professores que ensinem o evangelho com incredulidade (se é que isso é evangelho), quando temos professores que ensinam o evangelho com fé. Dito isso, agora somos conduzidos ao fato de que é mais importante pregar a verdade do evangelho do que refutar e atacar aqueles que a rejeitam. Jesus disse que se um demônio fosse expulso de um homem, e que se ele voltasse e encontrasse o lugar vazio, retornaria com outros demônios além dele, de modo que a condição final deste homem seria pior que a primeira. Alguns professores dos sem-fé desejam demonstrar vigilância para com a verdade do evangelho, mas ouça eles — eles pregam uma política humana ao invés das promessas de Deus. Como a Escritura diz: Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus” (Sl. 21:7). Deixe eles assim, enquanto assumimos a nossa posição contra a incredulidade, e nos dedicamos com mais esforço na edificação do povo de Deus.

Finalmente, seja o que for da fé, do poder, do Espírito; seja o que for da esperança, da vitoria, da justiça; seja o que for do amor, da alegria, da paz; seja qual for o louvor, a sabedoria, o perdão; seja o que for de ação de graças, de cura, de abundância, e tudo o que for do evangelho de Jesus Cristo, que isso ocupe o seu pensamento. Pois se você acreditar e ensinar essas coisas, você fará bem. Que a fé e o poder do Senhor Jesus Cristo estejam com seu espírito.


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Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2018/01/19/on-unbeliefism/

Traduzido por: Dione Cândido Jr.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Nº 77



A BÍBLIA SOBRE O FALAR EM LÍNGUAS
por Vincent Cheung

Chegando o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar. De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados. E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava” — Atos 2:1-4.

Atônitos e maravilhados, eles perguntavam: ‘Acaso não são galileus todos estes homens que estão falando? Então, como os ouvimos, cada um de nós, em nossa própria língua materna? Partos, medos e elamitas; habitantes da Mesopotâmia, Judeia e Capadócia, Ponto e da província da Ásia, Frígia e Panfília, Egito e das partes da Líbia próximas a Cirene; visitantes vindos de Roma, tanto judeus como convertidos ao judaísmo; cretenses e árabes. Nós os ouvimos declarar as maravilhas de Deus em nossa própria língua!’” — Atos 2:7-11.

Enquanto Pedro ainda estava falando estas palavras, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a mensagem. Os judeus convertidos que vieram com Pedro ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo fosse derramado até sobre os gentios, pois os ouviam falando em línguas e exaltando a Deus” — Atos 10:44-46.

Quando Paulo lhes impôs as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e começaram a falar em línguas e a profetizar” — Atos 19:6.

Pois quem fala em língua não fala aos homens, mas a Deus. De fato, ninguém o entende; [isso é uma habilidade do Espírito Santo pela qual] em espírito [se] fala mistérios [diretamente à Deus]” — 1 Coríntios 14:2.

Quem fala em língua a si mesmo se edifica [se fortalece e se alicerça, se infunde e se sobrecarrega com poder, conforto e encorajamento]...” — 1 Coríntios 14:4.

Gostaria que todos vocês falassem em línguas [para que se fortalecessem como eu acabei de dizer], mas prefiro que profetizem [quando estiverem numa reunião pública]. Quem profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a não ser que as interprete [pois, nesse caso, os dois estariam em pé de igualdade], para que a igreja seja edificada” — 1 Coríntios 14:5.

Por isso, quem fala em língua [especialmente numa reunião pública], ore para que a possa interpretar [pois a solução para um uso indevido dos dons é sempre mais dons, mais poder, e não menos]” — 1 Coríntios 14:13.

Pois, se oro em língua, meu espírito ora, mas a minha mente fica infrutífera. Então, que farei? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento” — 1 Coríntios 14:14-15.

Se você estiver louvando a Deus em espírito, como poderá aquele que está entre os não instruídos dizer o ‘Amém’ à sua ação de graças, visto que não sabe o que você está dizendo? Pode ser que você esteja dando graças muito bem, mas o outro não é edificado [embora você ainda esteja louvando a Deus, dando graças a ele e fazendo isso muito bem, e não haverá problema se houver interpretação]” — 1 Coríntios 14:16-17.

“Dou graças a Deus por falar em línguas mais do que todos vocês [visto que é bom falar mais]. Todavia, na igreja [ou em uma reunião pública] prefiro falar cinco palavras compreensíveis para instruir os outros a falar dez mil palavras em língua [isto é, a não ser que eu interprete, e nesse caso, a fala em línguas seria tão benéfica quanto a outra]” — 1 Coríntios 14:18-19.

Portanto, que diremos, irmãos? Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em língua [mesmo sendo uma reunião pública] ou uma interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja. Se, porém, alguém falar em língua, devem falar dois, no máximo três, e alguém deve interpretar [então, não só é aceitável falar em línguas em uma reunião pública, mas isso pode ser feito várias vezes e por várias pessoas diferentes, se houver interpretação]. Se não houver intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus” — 1 Coríntios 14:26-28.

Portanto, meus irmãos, busquem com dedicação o profetizar e não proíbam o falar em línguas [mesmo que seja numa reunião pública, se houver interpretação]” — 1 Coríntios 14:39.


Bônus:

Assim, na igreja, Deus estabeleceu... profetas [como um ministério, mesmo que qualquer crente possa profetizar (Atos 2:17-18; Atos 19:6; 1 Coríntios 14:31)]... os que têm dom de curar [como um ministério, mesmo que qualquer crente possa orar pelos doentes], os que têm dom de prestar ajuda [como um ministério, mesmo que qualquer crente possa ajudar os outros], os que têm dons de administração [como um ministério, mesmo que qualquer crente possa realizar a administração] e os que falam diversas línguas [que deve seguir nesse contexto: como um ministério, mesmo que qualquer crente possa falar em línguas]... Têm todos dons de curar [como um ministério, mesmo que qualquer crente possa orar pelos doentes]? Falam todos em línguas [que deve seguir nesse contexto: como um ministério, mesmo que qualquer crente possa falar em línguas]? Todos interpretam [como um ministério, e se não o fazem, podem pedir por isso (1 Coríntios 14:13)]?” — 1 Coríntios 12:28-30.


Paulo está falando aqui apenas de ministérios, e não sugerindo que apenas aqueles que possuem tais dons em especial podem fazer estas coisas. O ponto é que Deus nomeia crentes para diferentes ministérios e que devemos respeitar uns aos outros, embora, individualmente, os crentes possam fazer todas estas coisas representadas por cada um destes ministérios. Por exemplo, aquele que não tem um ministério ou um dom especial para o ensino, ainda assim, é capaz de ensinar aos outros o que ele conhece acerca da Palavra de Deus. Aquele que não tem um ministério como evangelista pode  deve!  ainda assim, fazer evangelismo. Só porque existe um dom de fé isto não significa que apenas aquele que tem esse dom possui fé. O mesmo é verdadeiro com relação a cura, a profecia, as línguas e aos demais.

Assim como cada um de nós tem um corpo com muitos membros e esses membros não exercem todos a mesma função, assim também em Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está ligado a todos os outros. Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar [embora qualquer crente possa profetizar], use-o na proporção da sua fé. Se o seu dom é servir [embora qualquer crente possa servir], sirva; se é ensinar [embora qualquer crente possa ensinar], ensine; se é dar ânimo [embora qualquer crente possa dar ânimo], que assim faça; se é contribuir [embora qualquer crente possa contribuir], que contribua generosamente; se é exercer liderança [embora qualquer crente possa exercer liderança], que a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia [embora qualquer crente possa mostrar misericórdia], que o faça com alegria” — Romanos 12:4-8.


Os dons espirituais apenas representam um modo pelo qual as coisas são realizadas. A Bíblia quase nunca se refere à estas habilidades ou efeitos pelo termo de “dons espirituais  apenas em alguns lugares de toda Bíblia. Os dons nunca foram feitos para se referirem a habilidades exclusivas. Isso se aplica aos dois tipos de dons, aos que parecem ser mais sobrenaturais e aos que parecem ser menos sobrenaturais. Paulo fala sobre profecia e ensino na mesma lista, e da mesma maneira. E ele fala sobre cura e administração na mesma lista, e da mesma maneira. O fato de existir um dom de ensino não implica na conclusão de que somente aquele que tem este dom pode ensinar. Da mesma forma, o fato de existir dons de cura, de profetizar e de falar em línguas não implica na conclusão de que somente aqueles com possuem estes dons podem fazer essas coisas. Parece que a maioria dos teólogos e crentes na história da Igreja tem sido inteiramente incompetente e carente de habilidade em leitura elementar quando se trata disto, perdendo um ponto tão óbvio. Não seja ignorante sobre algo tão básico (1 Coríntios 12:1).


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Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2016/10/25/bible-on-speaking-in-tongues/

Traduzido por: Dione Cândido Jr.

Nº 76



CESSACIONISMO: TÃO GRANDE DANAÇÃO
por Vincent Cheung

Porque se a mensagem transmitida por anjos provou a sua firmeza, e toda transgressão e desobediência recebeu a devida punição, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? Esta salvação, primeiramente anunciada pelo Senhor, foi-nos confirmada pelos que a ouviram. Deus também deu testemunho dela por meio de sinais, maravilhas, diversos milagres e dons do Espírito Santo distribuídos de acordo com a sua vontade” — Hebreus 2:2-4.

Se a nossa passagem implica na cessação dos milagres (v.4), então ela também implica na cessação da fala (v.3). Uma vez que o cessacionista usa esse texto para impedir os milagres em geral, e não apenas os milagres que serviram como autenticação do evangelho (v.4), o texto também irá impedir qualquer tipo de fala, sobre qualquer coisa, e não apenas a fala que serviu para anunciar o evangelho (v.3). Se o cessacionista pode pedir por uma comida num restaurante, se o cessacionista pode orar a Deus, se o cessacionista pode confessar a Jesus Cristo para sua salvação, e se o cessacionista pode falar sobre o cessacionismo, ele se expõe como alguém totalmente estúpido quando usa esta passagem para provar o cessacionismo.

Jesus prometeu que qualquer um que tivesse fé poderia fazer milagres, incluindo milagres como ordenar à uma planta para seja arrancada e uma montanha para seja removida (Mateus 21:21). Ele também prometeu que qualquer um que tivesse fé nele poderia fazer os mesmos milagres que ele fez, e até mesmo milagres maiores do que aqueles ele fez (João 14:12). Além disso, ele prometeu que aqueles que tivessem fé receberiam o mesmo poder miraculoso que ele possuía pelo Espírito Santo (Lucas 24:49; Atos 1:8).

Isso está incluso na mensagem que foi primeiramente anunciada pelo Senhor” (Hebreus 2:3). Então os seus primeiros seguidores pregaram o mesmo (Atos 2:39) e demonstraram aquilo que ele prometeu (Atos 3:16). Isso está incluso na mensagem que nos foi confirmada pelos que a ouviram” (Hebreus 2: 3). De fato, o próprio Deus testificou a mensagem de Jesus por meio de sinais e maravilhas (Hebreus 2:4)  a mensagem que inclui a ordem e a promessa para aqueles que têm fé para receber e operar milagres no seu nome. Assim, Jesus anunciou que teríamos milagres. Seus apóstolos confirmaram que teríamos milagres. E Deus testemunhou que teríamos milagres. O contexto, o conteúdo e a gramática da passagem apontam para o fato de que esta mensagem foi finalizada. Ela não pode ser alterada. Ela não pode ser anulada. Os cristãos sempre serão capazes de receber e operar milagres pela fé.

Agora me responda, como alguém pode se desculpar ao pregar contra isso e dizer que os cristãos não poderão operar milagres pela fé, e que os milagres cessaram? Esta pessoa não tem desculpa. E me responda, como alguém pode escapar se ele ensina o oposto dessa mensagem que foi anunciada por Cristo, confirmada pelos apóstolos e testemunhada pelo próprio Deus? Esta pessoa não tem escapatória. Se alguém que viola a mensagem transmitida por anjos (v.2) é condenado à morte e enviado para o inferno, o que devemos dizer ao cessacionista? Este sujeito desafia a mensagem do Senhor dos Anjos e se recusa a receber as suas promessas sobre milagres e fé. O que Deus fará com o cessacionista? Este sujeito declara que o evangelho de Cristo cessou, e que as suas promessas já não são verdadeiras. Como o cessacionista poderá escapar, se ele condena essa grande salvação (v.3)? E o que acontecerá com uma pessoa que demonstra ter qualquer respeito por um teólogo ou pregador cessacionista (Romanos 1:32)?

Se o cessacionista usa essa passagem para provar o cessacionismo (v.4), então a única conclusão é de que ele não pode pregar o evangelho (v.3), o que implica no fato de que ele é desobediente à comissão do evangelho. Ele não tem autoridade para nos ensinar qualquer coisa, ou para participar das nossas discussões cristãs. Ele tem que CALAR A BOCA! Mas, pior ainda, isso também significa que ele não pode usar pensamentos verbais, gestos de linguagem ou discurso audível para confessar a Jesus como seu Senhor e, desse modo, como em muitos outros casos onde cessacionista tenta usar as Escrituras para provar o cessacionismo, tudo dá errado e os resultados chegam até a conclusão de que ele não pode ser salvo, e que ele QUEIMARÁ NO INFERNO.


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Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2017/06/18/cessationism-so-great-damnation/

Traduzido por: Dione Cândido Jr.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Nº 75



O CESSACIONISMO E A POSSIBILIDADE PROFÉTICA
por Dione Cândido Jr.

Pense como uma profecia poderia te ajudar algum dia em qualquer situação. Apenas pense. Consegue pensar nisso? Seria possível que Deus te ajudasse por meio de alguma manifestação profética a fim de dissolver algum dilema privado e pessoal seu? Seria possível que alguma profecia genuína da parte de Deus pudesse servir de ajuda para você algum dia, ou até mesmo hoje? Apenas é possível? E se Deus realizasse isso, seria benéfico para você? Se sim, então: você acaba de mentalmente comprovar que a tradicional doutrina do cessacionismo é falsa.

Só o fato de um cristão conceber mentalmente alguma situação hipotética onde uma manifestação profética, para qualquer finalidade que seja, possa ser útil para ajudá-lo numa determinada situação, já anula a possibilidade de qualquer cessacionismo contemporâneo ser verdadeiro, tanto agora como durante toda história da igreja cristã. O cessacionismo simplesmente não pode resistir diante da possibilidade hipotética de qualquer atual auxílio proféticoIsso se dá por causa dos pressupostos pelos quais Paulo logicamente opera em 1 Coríntios 13:8-12. A conclusão que chegamos ao final deles é de que, quando a profecia cessar, não haverá mais espaço, utilidade ou funcionalidade para a sua operação na vida dos cristãos, nem mesmo hipoteticamente. Senão, vejamos.

Em primeiro lugar, Paulo propõe que a profecia é um meio pelo qual Deus fornece aos cristãos um conhecimento verdadeiro, porém, parcial (v.9). A profecia nos informa acerca de algo verdadeiro, contudo, não elimina a possibilidade de um eventual dilema mental ocorrer até mesmo no momento seguinte, ou no próximo pensamento que possamos ter. Segundo, Paulo propõe que tal parcialidade que a profecia não elimina deverá ser superada e, de fato, irá desaparecer quando a cessação do que é profético realmente se instalar na história humana (v.10), visto que este vem com a posse efetiva de um conhecimento pleno para os cristãos, eliminando finalmente a possibilidade de um eventual dilema mental ocorrer até mesmo no momento seguinte, ou no próximo pensamento. Paulo está lidando exatamente com o que é mental cognoscível para os indivíduos cristãos, não há como escapar disso ou jogar a matéria para outra categoria. Então, em terceiro lugar, Paulo assume, para ele mesmo e, consequentemente, para todos os cristãos a que ele se dirige nesse texto, que a chegada da cessação do profético não implicará na posse de um conhecimento progressivo, potencial, gradual, imperfeito ou incompleto para eles, mas sim na posse de um conhecimento pleno, estável e totalmente efetivo (v.12), instaurado mentalmente sobre cada um, assimilando-se todas as informações verdadeiras, exaustivas e incorrigíveis acerca de Deus e do mundo que ele criou (dentro dos limites da própria estrutura cognitiva dos cristãos, é claro, visto que eles jamais obterão para si mesmos uma mente onisciente). Por isso, não haverá mais lugar para a parcialidade quando isso ocorrer, mas sim lugar para plenitude. Não haverá mais graduação, mas sim efetivação. É isso que Paulo nos deixa disponível quando afirma para si mesmo aquilo que também pode ser afirmado para todos os cristãos: “conhecerei como também sou conhecido” (v.12). Será algo imbatível e sem precedentes. Será o ápice do entendimento cristão. Será o advento do Perfeito!

Então, a questão fatal para aqueles que defendem um cessacionismo vigente fica bastante clara: o fato de uma hipótese da manifestação profética, com utilidade e serventia para os cristãos ainda hoje, não faz o menor sentido, e é totalmente absurda, dada as implicações do que foi exposto acima. Deduz-se que o estágio cognitivo e situacional em que os cristãos deveriam se encontrar após a instauração da cessação do profético, segundo Paulo, não permitiria isto. Não poderia logicamente permitir isto. A chegada do Perfeito, e do conhecimento pleno que supera aquilo que agora sabemos em parte, faria os cristãos conhecerem como de fato são conhecidos e não deixaria em aberto a possibilidade de uma hipotética profecia os servir de alguma coisa. De outro modo: Como pode ser possível que uma profecia nos faça conhecer novamente em parte, e de alguma forma nos seja útil, se nós supostamente já possuímos um conhecimento pleno como implicação logicamente necessária da cessação assumida em 1 Coríntios 13:8-12? Não é possível. É uma antítese.

Após a instauração da cessação proposta por Paulo, não deverá haver nem mesmo a mera possibilidade de uma utilidade profética, porque nós teremos posse de um conhecimento pleno e maior do que qualquer profecia parcial poderia nos conceder. Não haverá mais espaço ou lugar para algo parcial funcionar, e nem mesmo ser hipoteticamente concebível em nossa situação decorrente. A simples hipótese do auxílio da manifestação profética nos dias de hoje impede bíblica e logicamente o cessacionismo. Isto revela que nenhum cristão chegou à situação cognitiva que Paulo estabeleceu como marca suprema da cessação dos dons espirituais, e especialmente da profecia no nosso texto. O cessacionismo ainda não chegou para os cristãos porque uma profecia ainda pode ajudar os cristãos. A tradicional doutrina do cessacionismo simplesmente não tem defesa, nenhuma defesa, e qualquer pessoa pode negar a realidade da doutrina caso ela apenas considere ser possível o fato de se beneficiar com uma profecia da parte de Deus.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Nº 74



CESSACIONISMO: A RELIGIÃO ESTRANGEIRA
por Vincent Cheung

Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” — Efésios 2:19-20.

Você me perguntou sobre como eu responderia a alguém que usasse Efésios 2:20 para apoiar o cessacionismo. É possível responder isso em meia frase, mas, às vezes, eu refuto um oponente tão rápido que ele nem mesmo percebe. O debate já acabou, mas ele ainda está de pé, batendo no peito e sorrindo como um idiota, esperando alguma resposta. A fé em Jesus Cristo é clara e perfeita. Sempre vencerá aquele que se apegar ao brilho simples do evangelho. Os homens maus complicam as coisas por causa de sua incredulidade e do seu orgulho. Mas vamos então fazer uma análise desta loucura, mais do que é necessário.

Por motivos de conveniência, iremos nos referir somente a apóstolos de agora em diante, ao invés da plena expressão contida em Efésios 2:20. Deixando o cessacionismo de lado por um momento, o texto é frequentemente usado para dizer que o fundamento dos apóstolos deve ser a única fonte e padrão para as nossas doutrinas. Nossas doutrinas devem decorrer deste fundamento e concordar com ele. Isso está correto, e eu faço aplicações assim livremente nas minhas exposições. Isso resulta do relato bíblico acerca do trabalho destes homens. Os apóstolos receberam revelações que estabeleceram as doutrinas oficiais de Jesus Cristo. Próximo ao contexto da nossa passagem, Paulo escreve que o mistério de Cristo... agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas (Efésios 3:4-5).

No entanto, embora isto seja uma inferência legítima do texto, não é o que o texto diretamente nos diz, e pode-se tomar tal direção tão longe quanto possível. Quando usada a fim exigir um acordo doutrinário com os apóstolos, isso é aceitável, pois esta aplicação está dentro do alcance do significado do texto, de modo que não há necessidade de se impor a intenção exata do texto todas as vezes. Contudo, quando o texto é interpretado de uma forma que se possa favorecer o cessacionismo, trata-se de uma inferência e aplicação falaciosa, e o texto termina voltando-se contra si mesmo. Quando isto acontece, devemos retornar ao que o texto realmente nos diz.

Paulo se refere a Cristo como pessoa. A pedra angular não são os ensinamentos de Cristo, mas sim o próprio Cristo. E Paulo se refere aos apóstolos como pessoas. O fundamento não são os ensinamentos dos apóstolos, mas sim os próprios apóstolos. Não existe um foco especial sobre os seus sermões, seus escritos ou suas revelações. Não existe uma menção à Escritura. O tema não é sobre a teologia de Deus, mas sim sobre o povo de Deus, ou sobre a casa de Deus (v.19). Sobre este fundamento de indivíduos  não doutrinas ou revelações, mas sim pessoas  são incluídos outros indivíduos. Essas pessoas se combinam a fim de formar um edifício, ou o templo de Deus: No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito” (v.21-22). A referência aos apóstolos como fundamento surge como parte desta metáfora. Assim, o fundamento não se refere ao fundamento revelacional de um sistema intelectual, mas sim ao fundamento pessoal de uma comunidade espiritual.

Pedro usa uma metáfora semelhante quando escreve: E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Pedro 2:4-5). Ele também concebe os crentes individuais  as pessoas, não as ideias, as doutrinas ou as revelações  como blocos de construção da casa espiritual de Deus. Ele também chama a Cristo de a pedra angular (1 Pedro 2:6). E ele usa esta metáfora para o mesmo propósito que Paulo usou, isto é, para descrever como os gentios são incluídos em Cristo e unidos em uma única casa espiritual (1 Pedro 2:9-10; Efésios 3:6). Isso seria suficiente para neutralizar o argumento cessacionista, visto que Paulo nem mesmo está falando sobre este assunto em Efésios 2:20. Desde que Paulo não esteja falando sobre as revelações que possuímos, ele também não estaria falando sobre as revelações que os apóstolos possuíram. Ele estaria falando sobre os crentes como pessoas unidas em um edifício, e os apóstolos enquanto pessoas se unindo em um fundamento.

A metáfora retrata um edifício que está sendo adicionado à um fundamento. Não diz que a construção está concluída apenas com a pedra angular. Não diz que a construção está concluída apenas com o fundamento. Em vez disso, o ponto da passagem é que Deus pretende adicionar materiais ao fundamento já existente para então completar um edifício inteiro que se eleva para se tornar um templo. O fundamento de um edifício não é a única parte do edifício, mas o lugar de onde todo restante do edifício é erguido.

O argumento cessacionista seria de que a revelação apostólica é o fundamento, que não poderíamos adicionar nada ao fundamento, e assim não deveria haver mais operações proféticas. Embora nós não modifiquemos ou aumentemos o próprio fundamento, nós realmente adicionamos e construímos sobre ele, e o material para o edifício não é fundamentalmente diferente do material da fundação. Você não adiciona cupcakes à um fundamento de cimento. Você adiciona cimento ao cimento, ou alguns outros materiais para construção. Assim, se dissermos que o fundamento consiste em revelações, ou mesmo aquelas revelações que se tornaram parte das Escrituras, a metáfora poderia significar que os crentes de hoje poderiam adicionar algo à Escritura e que a única restrição nisso seria a de que estas adições deveriam concordar com as revelações que já foram registradas. Esta é a conclusão exata que os cessacionistas afirmam e que desejam evitar.

Se a alegação é de que a construção sobre as revelações apostólicas se refere àquela pregação que concorda com a pregação deles, isto é uma alegação forçada, visto que o texto não nos diz isso. Ainda assim, se o texto significasse que a pregação apostólica é o fundamento para a minha pregação, eu também poderia dizer que o ministério apostólico de milagres e profecias é o fundamento para o meu ministério de milagres e profecias. Enquanto um ministério de milagres e profecias estivesse sendo moldado conforme o ministério apostólico, isto seria tão legítimo quanto dizer que um ministério de pregação está sendo moldado conforme o ministério apostólico. Experimente outras combinações de como interpretamos o fundamento e o edifício. Nenhuma delas pode se encaixar numa visão cessacionista.

Jesus Cristo foi a pedra angular que estabeleceu a possibilidade e a legitimidade do ministério apostólico de pregação, de cura e de profecia. Na verdade, a pedra angular garantiu o fundamento. Ele expandiu o seu ministério para além de si mesmo, através destes outros homens. Então, os apóstolos formaram o alicerce que ampliou e estabeleceu a possibilidade e a legitimidade do ministério cristão de pregação, de cura e de profecia. Eles expandiram os seus ministérios para além deles mesmos, sobre todos os outros crentes e para todas as gerações futuras. Se o texto é aplicado neste tópico, ele apoia a minha doutrina do expansionismo. Poderíamos dizer que os apóstolos estabeleceram um fundamento que garantiu um ministério ainda mais amplo e mais forte de milagres e profecias. Eles estabeleceram apenas um fundamento, mas os crentes irão construir sobre isso e alcançar ainda mais!

Portanto, se aceitarmos a interpretação cessacionista sobre o fundamento, a única conclusão que chegaremos será aquela da multiplicação exponencial de todas as coisas miraculosas, incluindo as operações de cura, de profecia, de visões, de sonhos, e de sinais e maravilhas. A metáfora denotaria um aumento dramático de milagres e profecias, e não uma cessação de tudo aquilo que os apóstolos fizeram. Na verdade, isso garantiria que nós podemos realizar ainda mais milagres e poderosas profecias em maior quantidade (João 14:12). Com tantos crentes no mundo hoje, a igreja deveria estar produzindo milhões e milhões de milagres e profecias a mais do que a igreja primitiva, até mesmo cem milhões de vezes mais. A única restrição seria de que estas operações deveriam concordar com as doutrinas e os padrões estabelecidos pelos apóstolos.

Os apóstolos formaram o fundamento. Os cessacionistas desejam que isto se refira às revelações. Bem. O que o fundamento nos diz? Nos ensina a ter fé a fim de realizar milagres. Nos ordena a desejar e produzir profecias. Espera que recebamos visões e sonhos, e vários sinais e maravilhas. Sobre este fundamento é adicionado o povo de Deus. Agora, se existem pessoas que se recusam a fazer aquilo que o fundamento nos ensina, nos ordena e espera de nós, a única conclusão disponível é de que estas pessoas não pertencem à este fundamento. Se elas se unirem como um edifício, isso só poderá significar que elas estão se colocando num fundamento diferente daquele estabelecido pelos apóstolos.

Portanto, se o fundamento cristão é aquilo que os cessacionistas dizem que é, então os cessacionistas não podem ser salvos. Eles não podem ser concidadãos da casa de Deus com os apóstolos, mas devem ser estrangeiros e forasteiros, construídos sobre um fundamento diferente. Eles se baseiam em uma religião estrangeira. Eles permanecem fora da nossa estrutura. Eles não são cristãos. É estranho que, embora os cessacionistas reivindiquem para si uma erudição superior, eles constantemente se pintam num canto onde não haverá salvação para eles. Eles nos obrigam a vê-los cortarem as suas próprias gargantas. Esse tipo de religião é grotesca e degradante. É a depravação da incredulidade e da tradição. É como se estivessem determinados a seguir o caminho da auto-danação. É como se eles desejassem queimar no inferno.


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Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2017/06/14/cessationism-the-alien-religion/

Traduzido por: Dione Cândido Jr.

sábado, 10 de junho de 2017

Nº 73



AS MARCAS DE UMA VERDADEIRA IGREJA
por Vincent Cheung

Os cessacionistas incluem como marcas de uma verdadeira igreja aquelas coisas que eles podem controlar e falsificar, enquanto excluem aquelas coisas que só Deus pode fazer, mesmo que se trate daquilo que a Bíblia promete e prescreve como Evangelho. Por quê? Porque isto serve para não expôr as suas igrejas como falsificações e fraudes.

Onde o evangelho é pregado e praticado haverá curas, profecias e todos os tipos de sinais e maravilhas*. Deus virá e habitará na verdadeira igreja, e ele agirá entre o seu povo e através do seu povo. Uma marca necessária da igreja verdadeira é que Deus está lá! E lá ele vai fazer o que ele pode fazer.

As manifestações miraculosas do Espírito Santo são dadas a todos os crentes. A falta de poder deve ser uma marca de uma igreja defeituosa ou falsa. A falsa igreja lutará contra isto, de modo que possa distrair a atenção do fato de que a glória de Deus se afastou dela, ou que nunca esteve lá em primeiro lugar. Ela condenará o Evangelho para se justificar.

* Mateus 21:21; Marcos 11:23; João 14:12; Atos 2: 17-18, 14:8-10; 1 Coríntios 12:7, 14:26; Gálatas 3:5; Tiago 5:14-18; e muitos versículos mais.


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Extraído de:
CHEUNG, Vincent. Fulcrum. 2017, p.60.

Traduzido por: Dione Cândido Jr.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Nº 72



AS ESCRITURAS E OS DONS DO ESPÍRITO
por Edu Marques

O intuito deste texto não é, de forma alguma, querer refutar autores ou artigos cessacionistas. Porque, até então, conheço as minhas próprias limitações teológicas e sei o quanto muitos deles são tementes e piedosos à Deus. Minha intenção é, apenas, expôr a forma que creio. E isto, em defesa de ter sido acusado falsamente por um grupo de pessoas nas redes sociais, que se julgam ser os detentores da Fé Reformada. Fui tratado como um  neo-pentecostal, que deveria conversar com o capeta”; como um cara-de-pau e mentiroso, que estaria trazendo heresias para dentro da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB). Tal coisa se trata de uma mentira descarada de Satanás, de uma quebra explícita do Nono Mandamento. O que esperar de pessoas que se dizem “cristãs” e tratam os outros assim? O que eu fiz não foi debater com elas nas redes sociais (não me rebaixei a isso), mas sim as perdoar em Nome de Cristo, fazendo valer um mandamento dele contido nas Escrituras:
Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra [...] Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus”  — Mateus 5:39,44
Quero deixar bem claro que eu sustento as Doutrinas da Graça conhecidas como Calvinismo, e as Escrituras como regra de fé e prática em tudo na minha vida  é dela que sou tomado por convicção de que os dons do Espírito Santo não cessaram de forma alguma. Sou membro da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), e estou debaixo da sua Constituição e Símbolos de Fé; amo a minha igreja, sou muito grato a ela, e trabalho como Missionário na cidade de Estreito-MA. Onde tenho aprendido a depender de Deus e do seu Evangelho, e visto as bênçãos e as promessas de Deus escritas em sua palavra, na minha vida e na minha família.

Se eu tenho as Escrituras como a infalível e suficiente Palavra de Deus, reconheço a existência de vários textos que, tanto explícita quanto implicitamente, me ensinam a buscar estes dons para edificação da Igreja de Cristo.

Veja  o que Paulo diz a respeito dos dons espirituais:  Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes (1Co 12.1). Os termos que a Bíblia usa para os dons espirituais descrevem a sua natureza. Dons espirituais”: do grego pneumatikon, derivado de pneuma, isto é, espírito. Esta expressão, se refere às manifestações sobrenaturais concedidas como dons da parte do Espírito Santo, que operam através dos crentes para o bem comum. Paulo assevera que, estes dons nos fortalecem espiritualmente:
“De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé”  (Romanos 12:6).
“Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil” (1 Coríntios 12:7).
“Mas o que profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação. O que fala em língua desconhecida edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja [...] Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são ‘mandamentos do Senhor’” (1 Coríntios 14:3,4,37).
“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores”  (Efésios 4:11).

E Pedro também diz: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pedro 4:10).

Ora, se estes são mandamentos escritos e inspirados pelo Espírito Santo, é papel da igreja, e nosso também, crer e obedecer a estes mandamentos. A própria Confissão de Fé de Westminster me ensina a deduzir claramente proposições das Escrituras: “Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela” (I, VI). E sobre os dons espirituais, estes são estabelecidos em proposições claras. Se nem ao menos conseguimos deduzir isto, precisamos rever nossas habilidades em dedução hermenêutica nisto.

Assim, concluo que a Igreja que tem a falta destes dons é uma igreja empobrecida e morta. O que pior pode acontecer com muitas das nossas igrejas nos dias de hoje não é a falta de confessionalidade, mas sim a falta de espiritualidade, da busca pelos dons do Espírito. Subscrever uma confissão de fé, não te faz uma pessoa cheia do Espírito. Um filho do diabo pode muito bem se dizer confessional e até citar textos bíblicos. Como um cessacionista saberá que tal é o caso, se ele não acredita no dom de discernimento dos espíritos e diz que ele cessou? Nas Confissões é dito que elas servem apenas de auxílio para a igreja, e que muitos credos e confissões podem errar, e têm errado (cf. CFW. XXXI.III); elas não são a nossa regra de fé e prática, e sim a Bíblia.

Tudo tem que passar pela “régua” das Escrituras. Toda experiência pessoal precisa  estar de acordo com as Escrituras. Tais Confissões nos ensinam acerca do testemunho interno do Espírito Santo em nossos corações, e mais uma vez cito a CFW:
Esta certeza não é uma mera persuasão conjectural e provável, fundada numa falsa esperança, mas uma infalível segurança da fé, fundada na divina verdade das promessas de salvação, na evidência interna daquelas graças a que são feitas essas promessas, no testemunho do Espírito de adoção que testifica com os nossos espíritos sermos nós filhos de Deus, no testemunho desse Espírito que é o penhor de nossa herança e por quem somos selados para o dia da redenção” (XIII, II).

“E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder” (1 Coríntios 2:4). 

“Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus” (1 Coríntios 2:11,12).

Então, termino este breve artigo apenas dizendo que, se nós afirmamos ser cristãos e cremos nas Escrituras como sendo a Palavra de Deus, segue-se que é nosso dever crer e obedecer aos mandamentos contidos nela. Faça valer o Sola Scriptura, e não somente o que te interessa. Deus é infinitamente poderoso para, ainda hoje, derramar sobre nós o seu Espírito e conceder seus dons espirituais aos santos da mesma maneira como fez no passado. O cessacionismo é totalmente incoerente com as Escrituras e com Deus. E mesmo se o cessacionismo estivesse correto, para fins de argumentação, eu ainda poderia, pela fé, anular toda cessação que a doutrina alega defender. A base da doutrina cessacionista é irrelevante, constituída de falácias de arbitrariedade e suposições indutivas. Ou seja, é uma doutrina extra-bíblica.

Cito mais uma vez a CFW: “A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente” (I, IX).

Se realmente todos nós buscássemos cumprir isto com sinceridade e singeleza no coração, nunca chegaríamos ao cessacionismo. 

“Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente” (Hebreus 13:8).

Que Deus nos conceda sabedoria para fazer valer estas coisas em nossas vidas.

Soli Deo Gloria.