domingo, 29 de janeiro de 2017

Nº 55



O INTERRUPTOR PARA DESLIGAR WESTMINSTER
por Vincent Cheung

Quando os israelitas foram mordidos por cobras venenosas, Deus instruiu Moisés para que fizesse uma serpente de bronze e a colocasse numa haste. Quando aqueles que foram mordidos pelas cobras olhavam para isso ficaram curados (Números 21:4-9). Esse objeto não tinha poder para curar o povo, mas simbolizava a expiação futura de Cristo, que se tornaria uma maldição na cruz para que pudesse salvar seu povo.

No entanto, os israelitas fizeram disso um ídolo e queimaram incenso até o tempo de Ezequias. Era um mero símbolo, e o rei foi elogiado quando o destruiu (2 Reis 18:1-4). Se um símbolo se torna mais do que um símbolo na mente das pessoas e começa a ocupar o lugar de Deus ou tomar o lugar da sua palavra, então seria melhor destruir o símbolo para que as pessoas pudessem olhar para a realidade novamente.

Se devemos destruir algo que o próprio Deus ordenou por revelação sobrenatural para preservar a adoração bíblica, quanto mais devemos destruir algo que Deus nunca ordenou, ou, na melhor das hipóteses, algo que ele providenciou através de providência ordinária, a fim de preservar a doutrina bíblica?

A Confissão de Fé de Westminster contém uma declaração que praticamente funciona como um interruptor para desligar o credo: Todos os sínodos e concílios, desde os tempos dos apóstolos, quer gerais quer particulares, podem errar - e muitos têm errado; eles, portanto, não devem constituir regra de fé e prática, mas podem ser usados como auxílio em uma e outra coisa” (CFW. XXXI.III). Estamos nos concentrando na CFW porque as pessoas frequentemente a usam contra nós, como se tivéssemos que nos curvar como elas se curvaram, mas várias outras confissões históricas contêm uma linguagem semelhante (por exemplo, Trinta e Nove Artigos de Religião, XXI).

A declaração se refere a todos os sínodos, e por isso deve incluir a própria CFW. Isso se aplica desde os tempos dos apóstolos, deste modo a questão se estende desde o início, sem exceção. Diz que é possível que todos os consílios errem, e acrescenta: E muitos erraram. Muitos. Isso significa que o erro não é meramente possível, mas é provável. Novamente, isso inclui a CFW em si, e todos os outros credos. Portanto, a CFW continua e estes consílios não devem constituir regra de fé e prática, mas podem ser usados como auxílio em uma e outra coisas (veja também, CFW I.X e XX.II).

A menos que fossem mentirosos, os autores nunca pretenderam que a CFW fosse uma regra de fé, mas apenas um auxílio. É uma mera ferramenta. Nunca foi concebida para ser um padrão autoritário. Se eles sugerissem o contrário em outro lugar, então eles estariam se contradizendo e cometendo exatamente aquilo que a CFW XXXI.III mencionou para não se fazer. De fato, dentro da CFW encontramos o que poderia ser uma declaração auto-destrutiva para o nosso tópico atual. É irônico que aqueles que praticamente colocam a CFW no mesmo nível da Bíblia não sigam à risca a CFW XXXI.III. Eles tomam tudo o que ela diz como se fosse a própria Escritura, mas eles não aplicam a CFW XXXI.III a própria CFW. Desse modo, eles são duplamente hipócritas. Assim como eles são seletivos sobre o que eles aceitam da Bíblia, eles também são seletivos sobre o que eles aceitam da CFW. Eles acreditaram em tudo o que quiseram durante todo esse tempo, e usaram a Bíblia e a CFW apenas para se justificar.

Quando estamos em desacordo com a CFW  tal como com a heresia cessacionista, a reprovação passiva, a aliança das obras, a liberdade e a contingência de segundas causas, o misticismo no batismo e na comunhão, e assim por diante – eles deveriam admitir que é possível que o credo esteja errado, e nesse caso a discussão deveria retornar ao que a Bíblia realmente diz  pois seria possível que algumas partes da CFW estissem completamente deturpadas; ou então eles deveriam insistir que é impossível ao credo errar, e nesse caso a CFW XXXI.III em si estaria errada, o que realmente mostraria que a CFW XXXI.III está correta, de modo que a CFW e seus seguidores se destruiriam mutuamente.

Se os redatores foram sinceros  se não foram fraudulentos  então eu acho que eles chorariam se vissem como as pessoas tomaram seu esforço em fornecer um “auxílio e usaram isso como uma regra de fé para suplantar a própria Escritura. Agora, se a sua religião não progrediu além de 2 Reis, como você se atreve a me desafiar sobre Mateus, Marcos, Lucas e João? Eu conheço seu próprio credo melhor do que você, e de certa forma, eu o respeito mais do que você.

Os criadores estavam preparados para idólatras como você. E mesmo que esta declaração não fosse o principal interruptor para desligar a CFW, ela poderia funcionar como um, quando as pessoas fizessem do credo uma regra de fé em vez de uma mera ferramenta, visto que se declara que o Concílio de Westminster poderia errar. Claro, mesmo se nunca houvesse qualquer interruptor para desligar a CFW, a Bíblia já nos concedeu autoridade para desligar tudo. Arrependei-vos e voltai à Deus. Retorne ao evangelho de Jesus Cristo. Se o credo se tornou um ídolo, desligue o interruptor. Se você não puder, eu sempre posso desligar para você.


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Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2017/01/27/the-westminster-kill-switch/

Traduzido por: Dione Cândido Jr.

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