por Vincent Cheung
“Por esse motivo eu lhes digo: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado, nem nesta era nem na era que há de vir” – Mateus 12:31-32.
Jesus havia curado um homem possuído por um demônio. O povo ficou atônito e perguntou se ele era o Filho de Davi, cuja vinda tinha sido prevista pelos profetas. Ouvindo isso, os fariseus disseram que Jesus estava expulsando os demônios por meio de “Belzebu”, o príncipe dos demônios. No entanto, de fato, se Jesus havia expulsado os demônios por meio do Espírito Santo, então os fariseus estavam indiretamente insultado o Espírito Santo, chamando-o de “Belzebu”, o príncipe dos demônios.
Em resposta à isso, Jesus primeiramente estabeleceu uma refutação teológica para a sua afirmação, e, depois, acrescentou um aviso – aquele que falar contra Cristo ainda poderá ser perdoado, mas aquele que falar contra o Espírito Santo não poderá ser perdoado. A maioria das explicações quanto a blasfêmia contra o Espírito Santo salientam quão difícil é, ou até mesmo impossível, cometer esse pecado imperdoável. Mas, visto que Jesus pretendeu que a declaração soasse como uma ameaça realista, vamos considerar o quão fácil é cometer esse pecado, um pecado para o qual não há perdão.
A blasfêmia contra Jesus Cristo foi classificada como um tipo de pecado semelhante à blasfêmia contra o Espírito Santo. Mesmo se pensarmos nesta última como um outro nível de blasfêmia, embora o texto não tenha sugerido isso, os pensamentos e as ações nesse caso são semelhantes. A principal diferença está no objeto que recebe o insulto. Para cometer a blasfêmia contra Jesus Cristo deve-se falar contra Jesus Cristo. Para cometer a blasfêmia contra o Espírito Santo deve-se falar contra o Espírito Santo.
Alguns estudiosos cristãos são especialistas em neutralizar os ensinos bíblicos que eles não gostam, e eles não gostam muito deste aqui. Então, eles se esforçam para definir este pecado como algo tão difícil e remoto que seria praticamente impossível cometê-lo. Entretanto, no mesmo contexto, Jesus acrescentou: “Mas eu lhes digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado. Pois por suas palavras você será absolvido, e por suas palavras será condenado” (v.36-37). O pecado não era difícil ou impossível de ser cometido, mas poderia ser tão fácil de ser cometido que até mesmo uma palavra descuidada poderia fazê-lo.
A blasfêmia contra o Espírito Santo é frequentemente retratada como apenas uma contínua teimosia ou rejeição completa de Jesus Cristo. Mas isso não se encaixa ao contexto, o qual tem a ver com o ministério de milagres e expulsão de demônios. E isso não se encaixa ao ensino explícito que distingue a blasfêmia contra Cristo e a blasfêmia contra o Espírito como dois pecados diferentes. Os objetos que recebem os insultos são diferentes. Jesus disse que falar contra o Filho seria algo perdoável, enquanto que falar contra o Espírito Santo seria algo imperdoável. Por isso, é possível falar contra o Filho em vez do Espírito Santo, e é possível falar contra o Espírito Santo em vez do Filho.
O esforço em mesclar as duas coisas, para que esses diferentes pecados tornem-se apenas pontos diferentes numa mesma escala, parece ter a intenção de sentenciar o ensinamento de Jesus à irrelevância. A blasfêmia contra o Espírito Santo seria menos assustadora caso pudesse ser absorvida pela blasfêmia contra Jesus Cristo. Mas o próprio Jesus distingue as duas. Usar palavras contra Cristo não é a mesma coisa que usar palavras contra o Espírito Santo. O ensino foi destinado a ser assustador, e também servir como uma advertência em se cometer este pecado imperdoável. Enfraquecer seu temor só iria aumentar a possibilidade de cometê-lo.
Esses estudiosos tratam a questão colocando os dois pecados numa mesma escala, de modo que estes se tornem apenas diferentes graus de um mesmo pecado. Mas, insultar o Espírito Santo poderia muito bem ser considerado um pecado mais grave, mesmo não sendo necessariamente uma contínua teimosia ou rejeição completa de Jesus. Ele poderia ter dito: “Se alguém falar contra o Filho poderá ser perdoado, mas quem sujar a rua com uma goma de mascar não poderá ser perdoado”. A declaração seria totalmente inteligível, e esta última seria o pecado imperdoável, mas as duas coisas não seriam apenas dois pontos diferentes numa mesma escala, ou diferentes graus de uma mesma ofensa.
Outra tentativa em tornar o ensinamento de Jesus irrelevante sugere que este pecado imperdoável só poderia ser possível durante o ministério de Jesus, visto que só ele demonstrou a verdade e o poder de Deus, sem mistura, ambiguidade e imperfeição. Este argumento é estúpido e auto-destrutivo, uma vez que Deus estaria enviando milhões e milhões e milhões de pessoas para queimarem no inferno, embora elas tenham rejeitado a nossa pregação imperfeita sobre Cristo. Deus não acha que a rejeição da verdade só é possível quando a verdade é apresentada perfeitamente. Embora possamos não anunciar Jesus Cristo com perfeita clareza, força e precisão, quando alguém fala contra ele isso ainda conta como uma blasfêmia.
Portanto, mesmo que o Espírito Santo não se manifestasse através de perfeita fé, poder ou ordem, quando alguém falar contra ele isso ainda deverá contar como uma blasfêmia. Assim, estamos ficando mais e mais desconfiados de que os teólogos estão criando uma desculpa para a sua própria desobediência. Além disso, quando Jesus expôs o ensino sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo em outro lugar (Lucas 12:10), ele teve em mente um contexto em que os discípulos estiveram ministrando por conta própria e sofrido perseguições (v.11-12). Portanto, não é verdade que o pecado só é possível durante o ministério de Jesus.
Estudiosos insistem que a blasfêmia contra o Espírito Santo deveria ser uma ofensa conhecida e deliberada. No entanto, esta não é a natureza da blasfêmia que a Bíblia descreve. Paulo apontou que, embora tenha agido por ignorância, sendo até mesmo um blasfemo (1Tm. 1:13), ele não tinha um verdadeiro esclarecimento quanto a identidade e divindade de Cristo, mas, ainda assim, o que ele tinha dito a respeito Cristo contou como blasfêmia. E, como foi mencionado, no mesmo lugar onde Cristo ensinou sobre isso, ele advertiu que “toda palavra inútil” seria julgada. Portanto, é possível cometer blasfêmia mesmo sem ter informação sobre ela. Caso contrário, um ateu, ou quase qualquer não-cristão, nunca poderia cometer uma blasfêmia contra Deus ou contra Cristo, enquanto somente um crente informado disso poderia cometê-la. Contudo, Paulo blasfemou quando ele era um incrédulo e ignorante.
É possível que um homem blasfeme contra Cristo mesmo que ele não saiba ou admita que Cristo seja o Filho de Deus. Dizer ou sugerir qualquer coisa negativa sobre Cristo conta como blasfêmia. Na verdade, ele não precisaria nem mesmo sugerir algo estritamente negativo. O próprio Jesus foi acusado de blasfêmia porque disse algo que sugeria que ele era igual a Deus. E se ele não tivesse dito a verdade, isto teria contado como uma blasfêmia. Não foi uma blasfêmia apenas porque ele é, de fato, igual a Deus, e Deus realmente é seu Pai. Mas isso demonstra como é fácil cometer uma blasfêmia.
Depois, outros dizem que se alguém teme haver cometido esse pecado imperdoável, então, este medo é a mais forte indicação de que ele não cometeu. Isto se baseia no pressuposto de que o pecado pode ser cometido apenas por um indivíduo irremediavelmente endurecido, que foi informado anteriormente, e fez isso de maneira maliciosa e deliberada. Assim, quando alguém comete este pecado ele está inteiramente entregue à incredulidade e não tem medo da ira de Deus. No entanto, até aqui temos destruído esta suposição. Os textos bíblicos sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo não sugerem nada disso, e até mesmo os demônios têm medo de Deus, embora eles não possam ser salvos. Além disso, ter medo de haver cometido este pecado não é uma indicação de que não se cometeu, porque este medo poderia muito bem ser nada mais do que a tristeza do mundo que leva à morte (2 Coríntios 7:10).
Um homem não cometeu blasfêmia contra o Espírito Santo apenas se ele não cometeu a blasfêmia contra o Espírito Santo. A maneira de garantir que você não tenha falado contra o Espírito é garantir que você não tenho realmente falado contra o Espírito. E se você tiver falado contra o Espírito Santo, então você falou contra o Espírito Santo, e já cometeu o pecado imperdoável. Não há maneira de contornar isso ou tentar evitar o problema. As soluções dos teólogos – em tornar o pecado mais difícil de ser cometido, ou fundi-lo com a rejeição de Cristo, ou designar o medo e a culpa como a indicação certa da inocência – oferecem falso conforto.
Os fariseus alegaram que o trabalho do Espírito Santo era uma obra demoníaca, assim, indiretamente, chamaram o Espírito Santo de um demônio. Este insulto indireto foi o suficiente para incitar o ensinamento de Jesus sobre esse pecado imperdoável. Mas é provável que haja insultos ainda menos específicos ou extremos que contem como uma blasfêmia contra o Espírito. Considere o que poderia contar como uma blasfêmia contra Jesus Cristo. Claro, seria blasfêmia negar direta ou indiretamente a sua divindade. Mas, também seria blasfêmia contra ele negar a necessidade ou o sucesso da expiação, ou sugerir que ele foi desonesto quando fez uma certa afirmação, ou que ele cometeu algum erro sobre alguma coisa. É fácil cometer uma blasfêmia.
A Bíblia nos instrui a testar as manifestações espirituais, e é concebível que, depois de um exame cuidadoso, podemos concluir que algumas manifestações sejam falsas ou até mesmo demoníacas. O ensinamento de Jesus nos adverte para que testemos as manifestações espirituais com conhecimento e integridade, e não apenas porque algo se opõe ou ameaça as nossas tradições teológicas e eclesiásticas. Agora, e se um homem verdadeiramente fala em línguas pelo Espírito Santo e alguém zomba dele por causa disso? E se, sem uma base bíblica irrefutável, alguém afirma que o Espírito Santo não faz algo assim? E se ele chama todo falar em línguas como “sem sentido” e “absurdo”? E se ele declara que os dons do Espírito, como a profecia e a cura cessaram, de modo que tudo o que aconteça agora não pode ser tido como verdadeiro? Se ele está enganado, então ele está insultando todas essas manifestações do Espírito Santo desde o desaparecimento dos apóstolos até a futura vinda de Jesus Cristo. Ele bateu no Espírito Santo em todos os séculos.
Cessacionistas estão em perigo iminente de cometer o pecado imperdoável que é falar contra o Espírito Santo. Eles se consideram os observadores dos cultos, os defensores da fé, e os guardiões da ortodoxia, dirigindo acusações contra os heréticos e fanáticos. Assim fizeram os fariseus, mas eles estavam blasfemando contra o Espírito Santo, pois aquilo que eles consideravam como ortodoxia era, de fato, a sua própria tradição teológica e patrimônio eclesiástico. Jesus Cristo veio no poder do Espírito Santo, e ameaçou tirar o respeito que as pessoas tinham por eles, o status de estudiosos que possuíam, e o lugar que tinham como autoridades da fé. Então eles chamaram Jesus de enganador, e chamaram o Espírito de demônio.
Não precisamos testar os espíritos? Mas, como você pode testar os espíritos se você nem sequer acredita nas verdadeiros manifestações do Espírito? Você diz: “Eu acredito que Deus pode fazer milagres quando ele quiser, mas eu acredito que os dons de sinais cessaram, ou que esses milagres tenham cessado”. Contudo, a Bíblia não classificou alguns desses poderes como “dons de sinais”, e muitas vezes a Bíblia nem sequer se refere aos poderes milagrosos concedidos aos crentes como “dons espirituais”. Seja com dons ou não, Jesus disse que qualquer um que tivesse fé poderia ordenar à uma montanha para que se movesse. E se alguém pode ordenar uma montanha para que se mova, ele pode ordenar para que uma febre, um câncer, ou um demônio saia. Toda essa conversa de “dons” é apenas um subterfúgio, uma tática de “dividir e conquistar” contra o poder de Deus.
Jesus disse que os fariseus eram como víboras em seu interior, e fora de seus corações maus falavam palavras más (v.33-35). Você também fala contra o Espírito Santo, porque o seu coração está cheio de incredulidade e veneno. Como os fariseus, você se chama de defensor da ortodoxia, mas você é um mentiroso, porque a sua ortodoxia não é bíblica nem do Espírito Santo. Você recebe aquilo que quer, e rejeita aquilo que te ameaça. Você exalta o que te faz parecer melhor, e se opõe ao que te faz parecer fraco.
Quando alguém menciona o poder do Espírito Santo em operação hoje, você diz: “Sim, mas até mesmo Satanás opera milagres”. Por que essa é a sua reação? Por que você diz isso como se diminuísse a importância do trabalho do Espírito Santo? A Bíblia ensina que até mesmo Satanás pode aparecer como um anjo de luz, e eu penso que ele pode até aparecer como um teólogo cessacionista também. Ao invés disso, quando eu ouço dizer que Satanás opera milagres, eu digo: “Sim, mas o Espírito Santo opera milagres e ele é capaz de derrotar o poder de Satanás!”. Em todo caso, em vez de silenciar as reivindicações milagrosas, agora finalmente temos milagres por toda parte, com você louvando o poder de Satanás, e eu louvando do poder do Espírito Santo.
Assim como os teólogos durante séculos tem minado o ensinamento de Jesus sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo, é claro que eu esperaria alguma oposição quando repetisse o ensinamento do Senhor. Mas eu tenho tamanho medo da advertência de Jesus que eu jamais teria o mesmo de alguém como você. O que você vai fazer, faça-o depressa. Quanto a mim, quero ver e reverenciar as obras do Espírito Santo, incluindo as suas poderosas manifestações de poder. “Porque por tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado”. Vá em frente, seremos testemunhas das palavras que você vai falar e escrever. Mostre ao mundo o que está em seu coração. Talvez até agora você não blasfemou contra o Espírito Santo, e este é o caminho de Deus para incitar você a fazer isso, de modo que se complete a medida dos seus pecados e se sele a sua condenação.
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Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2012/06/07/blasphemy-against-the-holy-spirit/
Traduzido por: Dione Cândido Jr.
“Por esse motivo eu lhes digo: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado, nem nesta era nem na era que há de vir” – Mateus 12:31-32.
Jesus havia curado um homem possuído por um demônio. O povo ficou atônito e perguntou se ele era o Filho de Davi, cuja vinda tinha sido prevista pelos profetas. Ouvindo isso, os fariseus disseram que Jesus estava expulsando os demônios por meio de “Belzebu”, o príncipe dos demônios. No entanto, de fato, se Jesus havia expulsado os demônios por meio do Espírito Santo, então os fariseus estavam indiretamente insultado o Espírito Santo, chamando-o de “Belzebu”, o príncipe dos demônios.
Em resposta à isso, Jesus primeiramente estabeleceu uma refutação teológica para a sua afirmação, e, depois, acrescentou um aviso – aquele que falar contra Cristo ainda poderá ser perdoado, mas aquele que falar contra o Espírito Santo não poderá ser perdoado. A maioria das explicações quanto a blasfêmia contra o Espírito Santo salientam quão difícil é, ou até mesmo impossível, cometer esse pecado imperdoável. Mas, visto que Jesus pretendeu que a declaração soasse como uma ameaça realista, vamos considerar o quão fácil é cometer esse pecado, um pecado para o qual não há perdão.
A blasfêmia contra Jesus Cristo foi classificada como um tipo de pecado semelhante à blasfêmia contra o Espírito Santo. Mesmo se pensarmos nesta última como um outro nível de blasfêmia, embora o texto não tenha sugerido isso, os pensamentos e as ações nesse caso são semelhantes. A principal diferença está no objeto que recebe o insulto. Para cometer a blasfêmia contra Jesus Cristo deve-se falar contra Jesus Cristo. Para cometer a blasfêmia contra o Espírito Santo deve-se falar contra o Espírito Santo.
Alguns estudiosos cristãos são especialistas em neutralizar os ensinos bíblicos que eles não gostam, e eles não gostam muito deste aqui. Então, eles se esforçam para definir este pecado como algo tão difícil e remoto que seria praticamente impossível cometê-lo. Entretanto, no mesmo contexto, Jesus acrescentou: “Mas eu lhes digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado. Pois por suas palavras você será absolvido, e por suas palavras será condenado” (v.36-37). O pecado não era difícil ou impossível de ser cometido, mas poderia ser tão fácil de ser cometido que até mesmo uma palavra descuidada poderia fazê-lo.
A blasfêmia contra o Espírito Santo é frequentemente retratada como apenas uma contínua teimosia ou rejeição completa de Jesus Cristo. Mas isso não se encaixa ao contexto, o qual tem a ver com o ministério de milagres e expulsão de demônios. E isso não se encaixa ao ensino explícito que distingue a blasfêmia contra Cristo e a blasfêmia contra o Espírito como dois pecados diferentes. Os objetos que recebem os insultos são diferentes. Jesus disse que falar contra o Filho seria algo perdoável, enquanto que falar contra o Espírito Santo seria algo imperdoável. Por isso, é possível falar contra o Filho em vez do Espírito Santo, e é possível falar contra o Espírito Santo em vez do Filho.
O esforço em mesclar as duas coisas, para que esses diferentes pecados tornem-se apenas pontos diferentes numa mesma escala, parece ter a intenção de sentenciar o ensinamento de Jesus à irrelevância. A blasfêmia contra o Espírito Santo seria menos assustadora caso pudesse ser absorvida pela blasfêmia contra Jesus Cristo. Mas o próprio Jesus distingue as duas. Usar palavras contra Cristo não é a mesma coisa que usar palavras contra o Espírito Santo. O ensino foi destinado a ser assustador, e também servir como uma advertência em se cometer este pecado imperdoável. Enfraquecer seu temor só iria aumentar a possibilidade de cometê-lo.
Esses estudiosos tratam a questão colocando os dois pecados numa mesma escala, de modo que estes se tornem apenas diferentes graus de um mesmo pecado. Mas, insultar o Espírito Santo poderia muito bem ser considerado um pecado mais grave, mesmo não sendo necessariamente uma contínua teimosia ou rejeição completa de Jesus. Ele poderia ter dito: “Se alguém falar contra o Filho poderá ser perdoado, mas quem sujar a rua com uma goma de mascar não poderá ser perdoado”. A declaração seria totalmente inteligível, e esta última seria o pecado imperdoável, mas as duas coisas não seriam apenas dois pontos diferentes numa mesma escala, ou diferentes graus de uma mesma ofensa.
Outra tentativa em tornar o ensinamento de Jesus irrelevante sugere que este pecado imperdoável só poderia ser possível durante o ministério de Jesus, visto que só ele demonstrou a verdade e o poder de Deus, sem mistura, ambiguidade e imperfeição. Este argumento é estúpido e auto-destrutivo, uma vez que Deus estaria enviando milhões e milhões e milhões de pessoas para queimarem no inferno, embora elas tenham rejeitado a nossa pregação imperfeita sobre Cristo. Deus não acha que a rejeição da verdade só é possível quando a verdade é apresentada perfeitamente. Embora possamos não anunciar Jesus Cristo com perfeita clareza, força e precisão, quando alguém fala contra ele isso ainda conta como uma blasfêmia.
Portanto, mesmo que o Espírito Santo não se manifestasse através de perfeita fé, poder ou ordem, quando alguém falar contra ele isso ainda deverá contar como uma blasfêmia. Assim, estamos ficando mais e mais desconfiados de que os teólogos estão criando uma desculpa para a sua própria desobediência. Além disso, quando Jesus expôs o ensino sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo em outro lugar (Lucas 12:10), ele teve em mente um contexto em que os discípulos estiveram ministrando por conta própria e sofrido perseguições (v.11-12). Portanto, não é verdade que o pecado só é possível durante o ministério de Jesus.
Estudiosos insistem que a blasfêmia contra o Espírito Santo deveria ser uma ofensa conhecida e deliberada. No entanto, esta não é a natureza da blasfêmia que a Bíblia descreve. Paulo apontou que, embora tenha agido por ignorância, sendo até mesmo um blasfemo (1Tm. 1:13), ele não tinha um verdadeiro esclarecimento quanto a identidade e divindade de Cristo, mas, ainda assim, o que ele tinha dito a respeito Cristo contou como blasfêmia. E, como foi mencionado, no mesmo lugar onde Cristo ensinou sobre isso, ele advertiu que “toda palavra inútil” seria julgada. Portanto, é possível cometer blasfêmia mesmo sem ter informação sobre ela. Caso contrário, um ateu, ou quase qualquer não-cristão, nunca poderia cometer uma blasfêmia contra Deus ou contra Cristo, enquanto somente um crente informado disso poderia cometê-la. Contudo, Paulo blasfemou quando ele era um incrédulo e ignorante.
É possível que um homem blasfeme contra Cristo mesmo que ele não saiba ou admita que Cristo seja o Filho de Deus. Dizer ou sugerir qualquer coisa negativa sobre Cristo conta como blasfêmia. Na verdade, ele não precisaria nem mesmo sugerir algo estritamente negativo. O próprio Jesus foi acusado de blasfêmia porque disse algo que sugeria que ele era igual a Deus. E se ele não tivesse dito a verdade, isto teria contado como uma blasfêmia. Não foi uma blasfêmia apenas porque ele é, de fato, igual a Deus, e Deus realmente é seu Pai. Mas isso demonstra como é fácil cometer uma blasfêmia.
Depois, outros dizem que se alguém teme haver cometido esse pecado imperdoável, então, este medo é a mais forte indicação de que ele não cometeu. Isto se baseia no pressuposto de que o pecado pode ser cometido apenas por um indivíduo irremediavelmente endurecido, que foi informado anteriormente, e fez isso de maneira maliciosa e deliberada. Assim, quando alguém comete este pecado ele está inteiramente entregue à incredulidade e não tem medo da ira de Deus. No entanto, até aqui temos destruído esta suposição. Os textos bíblicos sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo não sugerem nada disso, e até mesmo os demônios têm medo de Deus, embora eles não possam ser salvos. Além disso, ter medo de haver cometido este pecado não é uma indicação de que não se cometeu, porque este medo poderia muito bem ser nada mais do que a tristeza do mundo que leva à morte (2 Coríntios 7:10).
Um homem não cometeu blasfêmia contra o Espírito Santo apenas se ele não cometeu a blasfêmia contra o Espírito Santo. A maneira de garantir que você não tenha falado contra o Espírito é garantir que você não tenho realmente falado contra o Espírito. E se você tiver falado contra o Espírito Santo, então você falou contra o Espírito Santo, e já cometeu o pecado imperdoável. Não há maneira de contornar isso ou tentar evitar o problema. As soluções dos teólogos – em tornar o pecado mais difícil de ser cometido, ou fundi-lo com a rejeição de Cristo, ou designar o medo e a culpa como a indicação certa da inocência – oferecem falso conforto.
Os fariseus alegaram que o trabalho do Espírito Santo era uma obra demoníaca, assim, indiretamente, chamaram o Espírito Santo de um demônio. Este insulto indireto foi o suficiente para incitar o ensinamento de Jesus sobre esse pecado imperdoável. Mas é provável que haja insultos ainda menos específicos ou extremos que contem como uma blasfêmia contra o Espírito. Considere o que poderia contar como uma blasfêmia contra Jesus Cristo. Claro, seria blasfêmia negar direta ou indiretamente a sua divindade. Mas, também seria blasfêmia contra ele negar a necessidade ou o sucesso da expiação, ou sugerir que ele foi desonesto quando fez uma certa afirmação, ou que ele cometeu algum erro sobre alguma coisa. É fácil cometer uma blasfêmia.
A Bíblia nos instrui a testar as manifestações espirituais, e é concebível que, depois de um exame cuidadoso, podemos concluir que algumas manifestações sejam falsas ou até mesmo demoníacas. O ensinamento de Jesus nos adverte para que testemos as manifestações espirituais com conhecimento e integridade, e não apenas porque algo se opõe ou ameaça as nossas tradições teológicas e eclesiásticas. Agora, e se um homem verdadeiramente fala em línguas pelo Espírito Santo e alguém zomba dele por causa disso? E se, sem uma base bíblica irrefutável, alguém afirma que o Espírito Santo não faz algo assim? E se ele chama todo falar em línguas como “sem sentido” e “absurdo”? E se ele declara que os dons do Espírito, como a profecia e a cura cessaram, de modo que tudo o que aconteça agora não pode ser tido como verdadeiro? Se ele está enganado, então ele está insultando todas essas manifestações do Espírito Santo desde o desaparecimento dos apóstolos até a futura vinda de Jesus Cristo. Ele bateu no Espírito Santo em todos os séculos.
Cessacionistas estão em perigo iminente de cometer o pecado imperdoável que é falar contra o Espírito Santo. Eles se consideram os observadores dos cultos, os defensores da fé, e os guardiões da ortodoxia, dirigindo acusações contra os heréticos e fanáticos. Assim fizeram os fariseus, mas eles estavam blasfemando contra o Espírito Santo, pois aquilo que eles consideravam como ortodoxia era, de fato, a sua própria tradição teológica e patrimônio eclesiástico. Jesus Cristo veio no poder do Espírito Santo, e ameaçou tirar o respeito que as pessoas tinham por eles, o status de estudiosos que possuíam, e o lugar que tinham como autoridades da fé. Então eles chamaram Jesus de enganador, e chamaram o Espírito de demônio.
Não precisamos testar os espíritos? Mas, como você pode testar os espíritos se você nem sequer acredita nas verdadeiros manifestações do Espírito? Você diz: “Eu acredito que Deus pode fazer milagres quando ele quiser, mas eu acredito que os dons de sinais cessaram, ou que esses milagres tenham cessado”. Contudo, a Bíblia não classificou alguns desses poderes como “dons de sinais”, e muitas vezes a Bíblia nem sequer se refere aos poderes milagrosos concedidos aos crentes como “dons espirituais”. Seja com dons ou não, Jesus disse que qualquer um que tivesse fé poderia ordenar à uma montanha para que se movesse. E se alguém pode ordenar uma montanha para que se mova, ele pode ordenar para que uma febre, um câncer, ou um demônio saia. Toda essa conversa de “dons” é apenas um subterfúgio, uma tática de “dividir e conquistar” contra o poder de Deus.
Jesus disse que os fariseus eram como víboras em seu interior, e fora de seus corações maus falavam palavras más (v.33-35). Você também fala contra o Espírito Santo, porque o seu coração está cheio de incredulidade e veneno. Como os fariseus, você se chama de defensor da ortodoxia, mas você é um mentiroso, porque a sua ortodoxia não é bíblica nem do Espírito Santo. Você recebe aquilo que quer, e rejeita aquilo que te ameaça. Você exalta o que te faz parecer melhor, e se opõe ao que te faz parecer fraco.
Quando alguém menciona o poder do Espírito Santo em operação hoje, você diz: “Sim, mas até mesmo Satanás opera milagres”. Por que essa é a sua reação? Por que você diz isso como se diminuísse a importância do trabalho do Espírito Santo? A Bíblia ensina que até mesmo Satanás pode aparecer como um anjo de luz, e eu penso que ele pode até aparecer como um teólogo cessacionista também. Ao invés disso, quando eu ouço dizer que Satanás opera milagres, eu digo: “Sim, mas o Espírito Santo opera milagres e ele é capaz de derrotar o poder de Satanás!”. Em todo caso, em vez de silenciar as reivindicações milagrosas, agora finalmente temos milagres por toda parte, com você louvando o poder de Satanás, e eu louvando do poder do Espírito Santo.
Assim como os teólogos durante séculos tem minado o ensinamento de Jesus sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo, é claro que eu esperaria alguma oposição quando repetisse o ensinamento do Senhor. Mas eu tenho tamanho medo da advertência de Jesus que eu jamais teria o mesmo de alguém como você. O que você vai fazer, faça-o depressa. Quanto a mim, quero ver e reverenciar as obras do Espírito Santo, incluindo as suas poderosas manifestações de poder. “Porque por tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado”. Vá em frente, seremos testemunhas das palavras que você vai falar e escrever. Mostre ao mundo o que está em seu coração. Talvez até agora você não blasfemou contra o Espírito Santo, e este é o caminho de Deus para incitar você a fazer isso, de modo que se complete a medida dos seus pecados e se sele a sua condenação.
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Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2012/06/07/blasphemy-against-the-holy-spirit/
Traduzido por: Dione Cândido Jr.
Excepcional!
ResponderExcluirObrigado, meu amigo. Quantas vezes falamos sobre esta passagem, não é mesmo? Que possamos crescer em aprendizado, juntos, cada dia mais!
Excluirmuito bom maravilhoso edificante estudo
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