O CAMINHO DO AMOR
por Vincent Cheung
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não
tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que
tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e
ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não
tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para
sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e
não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o
amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não
se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não
suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre,
tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias,
serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é
perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino,
falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que
cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos
por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte,
mas então conhecerei como também sou conhecido” – 1 Coríntios 13:1-12
Da mesma forma que 1 Coríntios 12:12-26 não está falando
principalmente sobre biologia mas de dons espirituais, embora seja verdade o
que a passagem diz sobre biologia, 1 Coríntios 13 não é principalmente sobre
amor, uma vez que Paulo ainda está falando sobre dons espirituais, embora o que
ele diga sobre o amor seja verdadeiro e possa ser aplicado além do presente
contexto. No entanto, se o amor se torna o principal ou mesmo o foco exclusivo,
então vamos perder o que o apóstolo nos diz sobre o amor e os dons espirituais.
Ele não se refere a um amor que é sem os dons, uma vez que ele está falando
sobre o amor no contexto do uso correto dos dons.
Assim, poderia até ser enganoso chamar isso de “o capítulo do
amor”, uma vez que seria mais apropriado “sobre os dons espirituais, seção 3". O
costume de se dar ao amor o principal ou o foco exclusivo ao ler essa passagem tem
incentivado a falsa noção de que o amor é uma alternativa para os dons
espirituais, ou uma alternativa superior para aqueles. Isso perde o ponto de
Paulo. Ele precede esta passagem dizendo: “Mas procurai com zelo os maiores
dons. E agora vou lhes mostrar um caminho mais excelente”. Ele não quer dizer
que o amor é mais excelente do que os dons, ou que o amor em si é um dom maior,
pois nesse contexto o amor não é sobretudo um dom espiritual. Ele segue
imediatamente a seção com: “Sigam o caminho do amor e procurai com zelo os dons
espirituais, principalmente o dom de profecia”. Mesmo depois que ele introduziu
este “caminho mais excelente”, ele não diz para seguir o amor em vez de desejar
os dons espirituais, mas seguir o amor e desejar os dons.
O contexto é o desejar dos dons espirituais, ou o motivo adequado
para a sua operação. Assim, o “caminho mais excelente” não se refere a um dom
superior ou algo que é superior aos dons, mas sim a uma motivação superior do
que mero desejo dos dons. O amor é o caminho mais excelente para orientar o
pensamento de uma pessoa sobre os dons, sobre quais ela deve desejar, e sobre
como ela deve usá-los. Em vez de pensar sobre quais dons que melhor exaltam seu
orgulho ou promovem seu status, agora ela está pensando sobre quais dons serão
mais benéficos à igreja, quais dons irão ajudar mais os outros cristãos em sua
fé, e quais dons serão melhores para expressar a grandeza de Deus aos
incrédulos. Em muitas situações, a profecia é um dom que parece beneficiar a
maioria das pessoas ao mesmo tempo na forma mais importante, já que “todo
aquele que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e conforto”.
Desse modo, “procurai com zelo os dons espirituais, especialmente o dom de
profecia”.
Os versículos 1-3 não desvalorizam os dons espirituais, mas desvalorizam a pessoa que os usa sem amor. Os versículos são frequentemente
apresentados como se Paulo pensasse que, a parte do amor, os dons seriam ineficazes. Novamente, isso perde o ponto. Se Paulo falasse em línguas sem amor, ele seria apenas um sino que tine, mas ele ainda falaria nas línguas dos homens e
dos anjos. Ele nunca disse que não poderia fazer isso sem amor. Se ele profetizasse sem amor, então, ele disse que “nada seria” – a pessoa não é nada; mas, ainda assim, ele poderia ter “todos os mistérios e toda a ciência” – o dom nunca é nada. Se
ele tivesse o dom da fé sem amor, então, novamente, “nada seria”, mas a montanha
ainda seria movida. Se ele oferecesse tudo o que tem aos pobres sem amor, então, ele diz: “nada disso me aproveitaria”, mas os pobres ainda receberiam.
Os versículos 4-7 devem ser aplicados, em primeiro lugar, ao uso de
dons. Paulo escreve: “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não
se vangloria, não é orgulhoso. Não é rude, não é egoísta”, e assim por
diante. Isso tem como alvo a maneira egoísta e divisionista em que poderiam ser
utilizados os dons. Se uma pessoa está cheia de orgulho por causa do seu dom e
menospreza outras pessoas, então ela não seria nada. Em vez de nós o admirarmos
como ele deseja, ele deveria ser considerado um ninguém. E se uma pessoa aspira
um lugar mais proeminente na igreja não para que ele possa fortalecer a
congregação e ajudar mais pessoas, mas porque ele deseja receber atenção e
aplauso, então ele não é nada, embora ele não é necessariamente ineficaz no que
ele faz.
Embora o amor seja apresentado como a mais excelente base para os
dons espirituais ele não uma alternativa para eles, na verdade, irá durar mais
que todos eles. Profecia, línguas, milagres, cura, e assim por diante, irão
cessar. A profecia é mencionada como imperfeita, não porque o dom em si seja
defeituoso, mas porque oferece um conhecimento incompleto. Assim, “quando,
porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá”. Paulo não deixa
o tempo da “perfeição” em dúvida. Ele escreve: “Agora, pois, vemos apenas um
reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora
conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou
plenamente conhecido”. Quando a perfeição vier, haverá um conhecimento
“face a face”. Quando a perfeição vier, vamos conhecer plenamente, assim como
nós somos totalmente conhecidos. Isso não será um conhecimento potencial, como o conhecimento que é revelado mas não completamente assimilado, mas sim um
conhecimento real, pelo qual podemos saber assim como somos totalmente
conhecidos. Quando isso acontecer, os dons cessarão, e não vamos sentir a falta
deles, pois nada nos faltará.
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Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2011/01/14/the-way-of-love/
Traduzido por: Dione Cândido Jr.
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