por Vincent Cheung
“Mas graças a Deus, que sempre nos conduz em procissão triunfal em Cristo e através de nós espalha em todos os lugares a fragrância do conhecimento dele” – 2 Coríntios 2:14.
A pregação cristã deve sempre ter um tom de triunfo. A mensagem do evangelho é uma declaração da vitória de Deus através de Jesus Cristo sobre todos os seus inimigos — demônios, incrédulos, pecados, decadência e morte.
Alguns estão preocupados com uma teologia do “triunfalismo”. Há vários usos para a palavra, por isso precisamos especificar o significado pretendido. Aqui nos referimos à visão de que, por meio da fé na obra de Cristo, o crente deve esperar viver a sua vida livre de todas as dificuldades e oposições, ou se as encontrar, deve esperar conquistá-las completamente em todas as ocasiões.
Essa visão é bastante rara — só posso assumir que ela existe, mas nunca me deparei com isso em si. Embora tenha sido atribuída a certas seitas carismáticas, pelo menos na minha própria exposição à controvérsia, tem sido uma caricatura em todos os casos, ainda que a caricatura tenha alguma base. Os professores que sofreram mais ataques dos círculos tradicionais e evangélicos nunca ensinaram o triunfalismo no sentido acima exposto (embora, por serem tipicamente imprecisos, descuidados e inconsistentes, às vezes parecem ensiná-lo e devem assumir parte da culpa por haverem sido deturpados). Eles não ensinam que o cristão não encontrará mais problemas nesta vida. Em vez disso, eles ensinam que um cristão, com base na obra de Cristo, deve, em princípio, esperar vencer todos os problemas que enfrentar. Alguns deles pensam que os problemas persistentes sinalizam uma falta de fé, ou uma falta de amor ou santidade, embora alguns também atribuam isso à soberania divina. Aqueles que discordam podem se opor a eles nesse ponto, mas não podem atacá-los com um espantalho.
De acordo com seus críticos, o problema com o triunfalismo é que ele oferece aos crentes falsas esperanças, e que o fracasso em alcançar os resultados prometidos conduz a falsa culpa. Esse perigo é real quando uma teologia não observa a assim chamada distinção entre o “já” e o “ainda não” nas promessas de Deus. Para ilustrar, Deus me prometeu um corpo ressurreto com características e habilidades aprimoradas, e que é imune a danos e à morte. A promessa já é minha agora, mas o cumprimento virá somente mais tarde e, independentemente da força da minha fé, não há nada que eu possa fazer para alcançá-lo imediatamente. Um ensinamento que insiste que eu deveria alcançar algo que não é destinado para esta era colocaria um fardo irracional sobre mim.
Dito isto, esse perigo é muitas vezes exagerado por causa da incredulidade dos críticos, e porque eles falam a partir de uma posição que está no outro extremo — uma posição de derrotismo. Uma doutrina da vitória, por conseguinte, é interpretada como uma negação da realidade, quando o ensinamento pode simplesmente ser de que o poder de Cristo nos permitirá vencer o sofrimento, ou que, se devemos suportá-lo, devemos fazer isso sorrindo ou mesmo gritando de alegria. Muitos pensadores cristãos estão perplexos com isso. Eles afirmam que esta vida é um tempo de provações, e a promessa de vitória através da fé constitui falsa esperança. Então, o fracasso parece refletir uma falta de fé e, assim, produz falsa culpa. Mas Jesus repetidamente disse aos seus seguidores: “Onde está a vossa fé?” A verdade é que, mesmo que o sofrimento contínuo não indique uma falta de fé, certamente indica um espírito deprimido e derrotado. Tal pessoa deve sentir uma medida de culpa, e ele deve se arrepender e melhorar.
A vitória que nós pregamos é primeiro a vitória de Deus, não nosso sucesso pessoal. Deus cumpriu suas promessas e predições, e superou suas oposições por meio de Jesus Cristo. É impossível não declarar isso com muito triunfo em nossa voz ou muito prazer em nossa atitude. Não existe tal perigo. Então, se estamos unidos a Cristo, sua vitória deve ter aplicação em nossas vidas. Nós nos beneficiamos da sua vitória. Nós gostamos dos efeitos reais dela. Caso contrário, não estamos verdadeiramente unidos a ele, e a nossa fé é uma farsa. Muito mais difundida e arraigada do que o triunfalismo — e sendo praticamente universal — a teologia do derrotismo presta um serviço de lábios à vitória do evangelho, mas em toda a sua pretensão de humildade e compaixão tenta desesperadamente esconder um coração maléfico de incredulidade.
O triunfalismo, mesmo com todas as suas falhas, é muitas vezes uma reação a esse espírito de incredulidade, pois o derrotismo pinta um quadro muito diferente do que percebemos na Escritura. Mas não há necessidade de adotar qualquer extremo. Os cristãos de fato continuam enfrentando problemas e oposições neste mundo, e às vezes devemos continuar a resistir. E é realmente necessário distinguir entre o “já” e o “ainda não” das promessas do evangelho. No entanto, Deus já “nos selou como sua propriedade e pôs o seu Espírito em nossos corações como garantia do que está por vir” (2 Coríntios 1:22). O Espírito em si não é fraco, e o dom não é meramente um gesto simbólico. O evangelho nos dá uma amostra da “bondade da palavra de Deus” e dos “poderes da era que há de vir” (Hebreus 6:5), mesmo no aqui e agora.
O fundo para o tom triunfante de Paulo não é de facilidade e conforto, mas de angústia muito além da sua própria capacidade em suportar (2 Coríntio 1:8-11). Ele não nega a realidade presente, mas ainda declara a vitória que Deus alcançou por meio de Jesus Cristo, da qual os crentes agora desfrutam. Em contraste disso, muitos querem tocar a nota da derrota mesmo sem muito sofrimento. Eles deveriam ter vergonha. Eles deveriam estar sobrecarregados de culpa. Eles têm pouca esperança para poder criticar outros por terem muito. Não é forçoso pensar que o Senhor lhes diria o que disse à sua geração: “Até quando eu estarei com você? Por quanto tempo eu terei que suportar você? Homem, onde está a sua fé?” O triunfalismo nos faz sonhadores delirantes. O derrotismo nos torna perdedores patéticos. A fé verdadeira na vitória de Jesus Cristo nos torna vencedores esperançosos e realistas nesta vida e na vida futura.
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Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2011/01/29/triumphalism-and-defeatism/
Traduzido por: Iury Anderson
A pregação cristã deve sempre ter um tom de triunfo. A mensagem do evangelho é uma declaração da vitória de Deus através de Jesus Cristo sobre todos os seus inimigos — demônios, incrédulos, pecados, decadência e morte.
Alguns estão preocupados com uma teologia do “triunfalismo”. Há vários usos para a palavra, por isso precisamos especificar o significado pretendido. Aqui nos referimos à visão de que, por meio da fé na obra de Cristo, o crente deve esperar viver a sua vida livre de todas as dificuldades e oposições, ou se as encontrar, deve esperar conquistá-las completamente em todas as ocasiões.
Essa visão é bastante rara — só posso assumir que ela existe, mas nunca me deparei com isso em si. Embora tenha sido atribuída a certas seitas carismáticas, pelo menos na minha própria exposição à controvérsia, tem sido uma caricatura em todos os casos, ainda que a caricatura tenha alguma base. Os professores que sofreram mais ataques dos círculos tradicionais e evangélicos nunca ensinaram o triunfalismo no sentido acima exposto (embora, por serem tipicamente imprecisos, descuidados e inconsistentes, às vezes parecem ensiná-lo e devem assumir parte da culpa por haverem sido deturpados). Eles não ensinam que o cristão não encontrará mais problemas nesta vida. Em vez disso, eles ensinam que um cristão, com base na obra de Cristo, deve, em princípio, esperar vencer todos os problemas que enfrentar. Alguns deles pensam que os problemas persistentes sinalizam uma falta de fé, ou uma falta de amor ou santidade, embora alguns também atribuam isso à soberania divina. Aqueles que discordam podem se opor a eles nesse ponto, mas não podem atacá-los com um espantalho.
De acordo com seus críticos, o problema com o triunfalismo é que ele oferece aos crentes falsas esperanças, e que o fracasso em alcançar os resultados prometidos conduz a falsa culpa. Esse perigo é real quando uma teologia não observa a assim chamada distinção entre o “já” e o “ainda não” nas promessas de Deus. Para ilustrar, Deus me prometeu um corpo ressurreto com características e habilidades aprimoradas, e que é imune a danos e à morte. A promessa já é minha agora, mas o cumprimento virá somente mais tarde e, independentemente da força da minha fé, não há nada que eu possa fazer para alcançá-lo imediatamente. Um ensinamento que insiste que eu deveria alcançar algo que não é destinado para esta era colocaria um fardo irracional sobre mim.
Dito isto, esse perigo é muitas vezes exagerado por causa da incredulidade dos críticos, e porque eles falam a partir de uma posição que está no outro extremo — uma posição de derrotismo. Uma doutrina da vitória, por conseguinte, é interpretada como uma negação da realidade, quando o ensinamento pode simplesmente ser de que o poder de Cristo nos permitirá vencer o sofrimento, ou que, se devemos suportá-lo, devemos fazer isso sorrindo ou mesmo gritando de alegria. Muitos pensadores cristãos estão perplexos com isso. Eles afirmam que esta vida é um tempo de provações, e a promessa de vitória através da fé constitui falsa esperança. Então, o fracasso parece refletir uma falta de fé e, assim, produz falsa culpa. Mas Jesus repetidamente disse aos seus seguidores: “Onde está a vossa fé?” A verdade é que, mesmo que o sofrimento contínuo não indique uma falta de fé, certamente indica um espírito deprimido e derrotado. Tal pessoa deve sentir uma medida de culpa, e ele deve se arrepender e melhorar.
A vitória que nós pregamos é primeiro a vitória de Deus, não nosso sucesso pessoal. Deus cumpriu suas promessas e predições, e superou suas oposições por meio de Jesus Cristo. É impossível não declarar isso com muito triunfo em nossa voz ou muito prazer em nossa atitude. Não existe tal perigo. Então, se estamos unidos a Cristo, sua vitória deve ter aplicação em nossas vidas. Nós nos beneficiamos da sua vitória. Nós gostamos dos efeitos reais dela. Caso contrário, não estamos verdadeiramente unidos a ele, e a nossa fé é uma farsa. Muito mais difundida e arraigada do que o triunfalismo — e sendo praticamente universal — a teologia do derrotismo presta um serviço de lábios à vitória do evangelho, mas em toda a sua pretensão de humildade e compaixão tenta desesperadamente esconder um coração maléfico de incredulidade.
O triunfalismo, mesmo com todas as suas falhas, é muitas vezes uma reação a esse espírito de incredulidade, pois o derrotismo pinta um quadro muito diferente do que percebemos na Escritura. Mas não há necessidade de adotar qualquer extremo. Os cristãos de fato continuam enfrentando problemas e oposições neste mundo, e às vezes devemos continuar a resistir. E é realmente necessário distinguir entre o “já” e o “ainda não” das promessas do evangelho. No entanto, Deus já “nos selou como sua propriedade e pôs o seu Espírito em nossos corações como garantia do que está por vir” (2 Coríntios 1:22). O Espírito em si não é fraco, e o dom não é meramente um gesto simbólico. O evangelho nos dá uma amostra da “bondade da palavra de Deus” e dos “poderes da era que há de vir” (Hebreus 6:5), mesmo no aqui e agora.
O fundo para o tom triunfante de Paulo não é de facilidade e conforto, mas de angústia muito além da sua própria capacidade em suportar (2 Coríntio 1:8-11). Ele não nega a realidade presente, mas ainda declara a vitória que Deus alcançou por meio de Jesus Cristo, da qual os crentes agora desfrutam. Em contraste disso, muitos querem tocar a nota da derrota mesmo sem muito sofrimento. Eles deveriam ter vergonha. Eles deveriam estar sobrecarregados de culpa. Eles têm pouca esperança para poder criticar outros por terem muito. Não é forçoso pensar que o Senhor lhes diria o que disse à sua geração: “Até quando eu estarei com você? Por quanto tempo eu terei que suportar você? Homem, onde está a sua fé?” O triunfalismo nos faz sonhadores delirantes. O derrotismo nos torna perdedores patéticos. A fé verdadeira na vitória de Jesus Cristo nos torna vencedores esperançosos e realistas nesta vida e na vida futura.
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Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2011/01/29/triumphalism-and-defeatism/
Traduzido por: Iury Anderson
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