terça-feira, 3 de maio de 2016

Nº 23



O MILAGRE MAJORITÁRIO 
por Vincent Cheung

A Bíblia diz que Jesus foi “cheio do Espírito Santo” (Lucas 4:1) e que depois haver vencido as tentações voltou “no poder do Espírito” (4:14), anunciando que havia sido ungido para pregar e curar (4:18-21). Mais tarde, lemos que “todos procuravam tocar nele, porque dele saía poder que curava a todos” (6:19; também Mc. 5:30). Conforme Pedro disse: “Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder” e ele andou por toda parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo Diabo, porque Deus estava com ele” (Atos 10:38). Deus realizou “milagres, maravilhas e sinais” através dele (2:22).

Os evangelhos testificam que Jesus iria batizar o seu povo com o Espírito Santo (Mateus 3:11, Marcos 1:8, Lucas 3:16, João 1:33). O que significa isso? Em Atos 1, Jesus chama esse batismo com o Espírito Santo de “a promessa do Pai” (v. 4). Ele disse: “Pois João batizou com água, mas dentro de poucos dias vocês serão batizados com o Espírito Santo” (v. 5), e “receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês” (v. 8). Em outro lugar, ele também se referiu a “promessa de meu Pai” e, novamente, disse que quando ela chegasse os discípulos seriam “revestidos do poder do alto” (Lucas 24:49).

O Espírito Santo desceu sobre Jesus, e ele teve “poder” para pregar, curar e operar milagres. Agora, ele iria derramar o Espírito Santo sobre os crentes, e eles receberiam o mesmo “poder” para pregar, curar e operar milagres. Não há outro significado para a plenitude ou batismo do Espírito Santo, e não há outro significado para esse “poder” que dele resulta. O batismo do Espírito Santo não é para arrependimento, conversão ou justificação, mas para poder — poder para pregar, curar e operar milagres.

Essa é a maneira com que a Bíblia, geralmente, fala sobre o poder para operar milagres. Muitas vezes os cessacionistas afirmam que os dons de sinais” cessaram, mas a Bíblia não distingue alguns dons como dons de sinais”. A distinção foi inventada a fim de separar algumas manifestações espirituais da própria categoria que estão direcionadas.

Na verdade, a Bíblia raramente usa a linguagem de “dons” para se referir ao poder miraculoso de Deus agindo através de homens. Paulo o utiliza em Romanos 12, 1Coríntios 12-14 e Efésios 4. Em quase todas as outras instâncias  centenas delas  a Bíblia usa termos como “fé”, “graça”, “poder”, “o Espírito do Senhor”, “a mão do Senhor”; ou ela descreve o que aconteceu, como: “Então Deus disse a Abraão”, “a palavra do Senhor veio a mim”, “o Senhor ouviu o clamor de Elias, e a vida do menino voltou a ele”, “a tua fé te curou”, “o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe”, e assim por diante.

Comparativamente falando, a Bíblia quase nunca usa a linguagem “dons” quando quer se referir ao poder miraculoso de Deus operado através de homens. Tentar impor a terminologia “dons” sobre todo o debate, contrariando o padrão e a proporção bíblica, facilita no emprego de uma estratégia de “dividir e conquistar” contra o poder de Deus. Dividi-se o que Deus jamais dividiu, de modo que o que é indesejável possa ser descartado sem parecer que se rejeita a coisa toda. No entanto, a maneira como a Bíblia fala sobre o poder de Deus impede esse abuso. Quando isso é levado em conta, a questão não é se este ou aquele dom cessou, mas se Deus cessou, se o Espírito Santo cessou, se o poder cessou, se a graça cessou, se a oração cessou, e se a fé cessou.

Jesus prometeu que o Espírito Santo viria sobre os discípulos, e eles receberiam poder miraculoso (Atos 1:4-8). Quando isso aconteceu no dia de Pentecostes (2:1-4), Pedro explicou que era um cumprimento da profecia de Joel: “Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão sonhos. Sobre os meus servos e as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão” (Atos 2:17-18). Assim, o Espírito Santo infunde poder nos crentes não só para pregar e curar, mas também para receber visões, sonhos e profetizar.

Assim, esse se tornou, também, o cumprimento do desejo de Moisés, de que todo o povo de Deus se tornasse profeta: “Você está com ciúmes por mim? Quem dera todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor pusesse o seu Espírito sobre eles!” (Números 11:29). Isso não poderia ser satisfeito se todo povo de Deus fosse salvo  eles sempre foram salvos pela fé na vinda de Cristo  Moisés desejou que se tornassem “profetas” para que tivessem os poderes de profecia, curas e milagres, como ele teve.

Os cessacionistas estão com ciúmes por causa dos apóstolos? É por isso que eles tentam fazer com que o poder de Deus esteja restrito a eles? Ao contrário, eles estão trabalhando contra os apóstolos. Pedro disse: “A promessa é para vós e vossos filhos e para todos os que estão longe  para todos a quem o nosso Senhor Deus chamar” (Atos 2:39). Ele se referia ao “o dom do Espírito Santo” (v. 38), que, como nós demonstramos, implica no poder para pregar, curar, receber visões, sonhos, profecias, e operar milagres.

A Bíblia diz que esse batismo do Espírito Santo vem diretamente de Jesus  não dos apóstolos, nem através dos apóstolos. Jesus é o único batizador. Havia cerca de cento e vinte pessoas orando juntas no cenáculo (Atos 1:15) e elas receberam o Espírito Santo ao mesmo tempo, e diretamente de Jesus. Cada pessoa o recebeu independentemente dos demais, e independentemente dos apóstolos. Em primeiro lugar, os apóstolos não receberam o Espírito Santo para depois transmitirem a bênção para as outras pessoas. Eles receberam o Espírito Santo ao mesmo tempo e da mesma maneira que os demais.

Além disso, os apóstolos eram apenas dez por cento de todo grupo. Os noventa por cento não precisaram de ajuda ou permissão dos apóstolos para receber a promessa do Pai. Uma vez que Jesus é aquele que diretamente batiza com o Espírito Santo, e uma vez que o Espírito Santo concede poder para operar milagres àqueles que o recebem, isso significa que, em comparação com o número de apóstolos, havia nove vezes mais crentes que poderiam exercer o poder de operar milagres a partir do primeiro dia em que Jesus derramou o Espírito Santo. Se os apóstolos nunca tivessem aparecido eles ainda teriam recebido poder, porque eles estavam recebendo de Jesus, não dos apóstolos.

A Bíblia nos liberta para olharmos para Cristo, e não para os homens. Entretanto, para muitas pessoas essa implicação é assustadora, senão condenável. A doutrina cessacionista, que exalta os apóstolos ao nível de super-crentes exclusivos, a fim de silenciar o poder de Deus na primeira geração, na verdade os torna em ídolos. Faz deles mediadores que estejam entre Jesus e o seu povo, de modo que sem eles ninguém poderá alcançar o outro, ou pelo menos os crentes não poderão receber de Jesus em toda sua plenitude. É uma triste realidade que alguns dos que mais fortemente castigam a idolatria católica são também aqueles que mais zelosamente a aplicam. Oh, a ironia da hipocrisia religiosa! “De fato, embora a esta altura já devessem ser mestres, vocês precisam de alguém que lhes ensine novamente os princípios elementares da palavra de Deus” (Hebreus 5:12).

Assim, o que está em jogo não é apenas o lugar da cura e da profecia, ou coisas semelhantes, mas sim o lugar de Jesus Cristo. Homens batizam com água, mas Jesus batiza com o Espírito Santo. Os apóstolos estão mortos, mas, em primeiro lugar, os homens nunca precisaram deles para receber o Espírito Santo. Por outro lado, Jesus não está morto. Se os cessacionistas sugerem que Jesus foi deposto do seu cargo de batizador com o Espírito Santo, então eles não podem ser cristãos, visto que seriam anticristos. No entanto, se Jesus ainda é quem ele sempre foi, então ele ainda batiza com o Espírito Santo, e o único batismo com o Espírito Santo que a Bíblia conhece é aquele que resulta em poder para operar milagres.


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Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2015/03/06/the-miracle-majority/

Traduzido por: Dione Cândido Jr.

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