sexta-feira, 25 de março de 2016

Nº 05



LÍNGUAS E IDIOMAS HUMANOS
por Vincent Cheung

Quanto à possibilidade de as línguas de 1 Coríntios 12-14 se referirem a idiomas humanos como acontece em Atos 2, muitos cessacionistas afirmam que se elas forem diferentes, e se 1 Coríntios não se tratar de idiomas, então elas seriam incompreensíveis. Eles parecem acreditar que isso ajuda a sua posição, ou pelo menos a sua tentativa de menosprezo.

No entanto, Paulo diz que as línguas poderiam ser interpretadas, o que significa que as línguas, mesmo antes da interpretação, poderiam transmitir um significado, caso contrário, a interpretação não seria realmente uma interpretação, mas sim uma mensagem totalmente original e independente que não tem qualquer base prévia. Em seguida, Paulo cita Isaías, onde o profeta se refere a “línguas estranhas” e “lábios de estrangeiros”. Os “lábios de estrangeiros” se referem a idiomas reais usadas por estrangeiros, como nos estrangeiros que invadiram Israel e, portanto, falavam em idiomas humanos.

Na verdade, ao longo da discussão sobre as línguas, Paulo não dá nenhuma indicação de que ele estaria falando sobre algo diferente de idiomas: “Sem dúvida, há diversos idiomas no mundo; todavia, nenhum deles é sem sentido” (14:10). A questão nunca foi se alguém estaria exercendo o dom de línguas sem falar em um idioma, mas se ele falava em um idioma no qual sua audiência imediata poderia entender: “Portanto, se eu não entender o significado do que alguém está falando, serei estrangeiro para quem fala, e ele, estrangeiro para mim” (14:11). Às vezes, um professor de seminário pode falar um minuto ou dois em grego ou em latim, ou em alemão, sem traduzir o que ele diz para os seus alunos. Eu poderia fazer o mesmo e gritar para ele em chinês. Mesmo que isso não envolvesse algo incompreensível, Paulo estaria descontente com uma atuação deste tipo.

Em 1 Coríntios 13, Paulo pressupõe vários cenários hipotéticos, a fim de fazer a sua observação sobre o amor e, no decorrer disso, ele não assume as funções dos dons que ele menciona, ele apenas amplifica seus poderes habituais para um nível superior, sem alterar o que os dons realmente fazem.

Ele menciona a profecia. Evidentemente, ele impulsiona esse dom para o mais alto nível possível: “todos os mistérios e todo conhecimento”. O poder da profecia geralmente não se manifesta com este grau extremo, mas é claro que o dom capacita a pessoa a entender, pelo menos, alguns mistérios e algum tipo de conhecimento, mesmo que não seja todos os mistérios e todo conhecimento.

Em seguida, ele se refere a uma fé que pode mover montanhas. A fé não costuma manifestar-se nesse grau, mas isso não é irreal, porque Jesus de fato disse que a fé poderia lançar uma montanha no mar. Na minha exposição sobre Marcos 11 eu demonstrei que esta declaração não pode ser uma hipérbole. Mais uma vez, assim como Paulo usa um cenário hipotético em que a fé se manifesta em um grau forte, ele também não muda o que ela realmente faz.

Então ele fala sobre dar tudo o que ele possui aos pobres, e até mesmo oferecer o seu corpo para ser queimado. Isso é inteiramente realista, mesmo que uma pessoa possa oferecer apenas algumas das coisas daquilo que ela possui, de fato, é possível para ela dar tudo aos pobres. E embora oferecer o próprio corpo para ser queimado é algo incomum e, presumivelmente, a maioria das pessoas poderia fazer isso apenas uma vez, ainda sim, é possível alguém fazer isso. Num caso comum, o sacrifício geralmente ocorre em um nível menos drástico, mas o exemplo extremo não altera o significado da doação ou do sacrifício.

Voltando ao início de 1 Coríntios 13, Paulo faz uma referência ao falar nas línguas dos homens e dos anjos, ou como a NLT diz: “Se eu pudesse falar todas as línguas da terra e dos anjos”. Considerando o que ele já tem feito com os outros dons nesta passagem, a única interpretação correta aqui é a que ele fala sobre uma manifestação forte e extraordinária do falar em línguas, mas não altera o que o dom realmente faz. Uma vez que este cenário hipotético dispõe de um falar em “todas as línguas da terra e dos anjos” então sabemos que as línguas poderiam efetivamente chegar a falar em todos os idiomas humanos, para não dizer que poderiam em todos os idiomas dos anjos. Embora, geralmente, o dom não se manifeste nesse grau. Talvez o dom nunca possibilitará nenhuma língua dos anjos, assim como as profecias que, embora a princípio, possam revelar todos os mistérios e conhecimento, mas que talvez isso nunca aconteça.

O que, então, seria um dom comum de línguas? Seria um idioma humano que, embora normalmente ele não faça, talvez nunca possibilite que uma pessoa fale em todos os idiomas humanos ou até mesmo dos anjos. Aqui estamos interessados na definição do dom, isto é, uma definição aplicável independentemente do ponto de vista da extensão do dom. Por meio desta definição, mesmo numa manifestação comum daquilo que o dom geralmente possibilita, uma pessoa ainda poderia falar em um, alguns, ou nos mais diversos idiomas humanos por meio do poder sobrenatural.

Paulo nunca menosprezou qualquer um dos dons do Espírito. Pelo contrário, aqueles que menosprezam os dons por causa de sua própria incredulidade e tradição é que devem ser menosprezados. Faça com que eles tomem cuidado com o que falam sobre os dons, para que eles não sejam como os fariseus que tinham uma pequena fé, mas bocas grandes, eles persistem em perseguir os crentes num ataque de fúria e, nessa tentativa, podem até mesmo cometer o pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo.


----------
Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2011/04/18/tongues-and-human-languages/


Traduzido por: Dione Cândido Jr.

Nenhum comentário:

Postar um comentário