LÍNGUAS E IDIOMAS HUMANOS
por Vincent Cheung
por Vincent Cheung
Quanto à possibilidade de as línguas de 1 Coríntios 12-14 se
referirem a idiomas humanos como acontece em Atos 2, muitos cessacionistas
afirmam que se elas forem diferentes, e se 1 Coríntios não se tratar de
idiomas, então elas seriam incompreensíveis. Eles parecem acreditar que isso
ajuda a sua posição, ou pelo menos a sua tentativa de menosprezo.
No entanto, Paulo diz que as línguas poderiam ser interpretadas, o
que significa que as línguas, mesmo antes da interpretação, poderiam transmitir
um significado, caso contrário, a interpretação não seria realmente uma
interpretação, mas sim uma mensagem totalmente original e independente que não
tem qualquer base prévia. Em seguida, Paulo cita Isaías, onde o profeta se
refere a “línguas estranhas” e “lábios de estrangeiros”. Os “lábios de
estrangeiros” se referem a idiomas reais usadas por estrangeiros, como nos
estrangeiros que invadiram Israel e, portanto, falavam em idiomas humanos.
Na verdade, ao longo da discussão sobre as línguas, Paulo não dá
nenhuma indicação de que ele estaria falando sobre algo diferente de idiomas:
“Sem dúvida, há diversos idiomas no mundo; todavia, nenhum deles é sem sentido”
(14:10). A questão nunca foi se alguém estaria exercendo o dom de
línguas sem falar em um idioma, mas se ele falava em um idioma no qual sua
audiência imediata poderia entender: “Portanto, se eu não entender o
significado do que alguém está falando, serei estrangeiro para quem fala, e
ele, estrangeiro para mim” (14:11). Às vezes, um professor de seminário pode falar um minuto ou
dois em grego ou em latim, ou em alemão, sem traduzir o que ele diz para os
seus alunos. Eu poderia fazer o mesmo e gritar para ele em chinês. Mesmo que isso
não envolvesse algo incompreensível, Paulo estaria descontente com uma atuação
deste tipo.
Em 1 Coríntios 13, Paulo pressupõe vários cenários hipotéticos, a
fim de fazer a sua observação sobre o amor e, no decorrer disso, ele não assume
as funções dos dons que ele menciona, ele apenas amplifica seus poderes
habituais para um nível superior, sem alterar o que os dons realmente fazem.
Ele menciona a profecia. Evidentemente, ele impulsiona esse dom
para o mais alto nível possível: “todos os mistérios e todo conhecimento”. O poder da profecia
geralmente não se manifesta com este grau extremo, mas é claro que o dom
capacita a pessoa a entender, pelo menos, alguns mistérios e algum tipo de conhecimento, mesmo que não
seja todos os mistérios e todo conhecimento.
Em seguida, ele se refere a uma fé que pode mover montanhas. A fé
não costuma manifestar-se nesse grau, mas isso não é irreal, porque Jesus de
fato disse que a fé poderia lançar uma montanha no mar. Na minha exposição
sobre Marcos 11 eu demonstrei que esta declaração não pode ser uma hipérbole.
Mais uma vez, assim como Paulo usa um cenário hipotético em que a fé se
manifesta em um grau forte, ele também não muda o que ela realmente faz.
Então ele fala sobre dar tudo o que ele possui aos pobres, e até
mesmo oferecer o seu corpo para ser queimado. Isso é inteiramente realista,
mesmo que uma pessoa possa oferecer apenas algumas das coisas daquilo que ela
possui, de fato, é possível para ela dar tudo aos pobres. E embora oferecer o
próprio corpo para ser queimado é algo incomum e, presumivelmente, a maioria
das pessoas poderia fazer isso apenas uma vez, ainda sim, é possível alguém
fazer isso. Num caso comum, o sacrifício geralmente ocorre em um nível menos
drástico, mas o exemplo extremo não altera o significado da doação ou do
sacrifício.
Voltando ao início de 1 Coríntios 13, Paulo faz uma referência ao
falar nas línguas dos homens e dos anjos, ou como a NLT diz: “Se eu pudesse
falar todas as línguas da terra e dos anjos”. Considerando o que ele já tem
feito com os outros dons nesta passagem, a única interpretação correta aqui é a
que ele fala sobre uma manifestação forte e extraordinária do falar em línguas,
mas não altera o que o dom realmente faz. Uma vez que este cenário hipotético dispõe
de um falar em “todas as línguas da terra e dos anjos” então sabemos que as
línguas poderiam efetivamente chegar a falar em todos os idiomas humanos, para
não dizer que poderiam em todos os idiomas dos anjos. Embora, geralmente, o dom
não se manifeste nesse grau. Talvez o dom nunca possibilitará nenhuma língua
dos anjos, assim como as profecias que, embora a princípio, possam revelar todos os mistérios e conhecimento, mas que
talvez isso nunca aconteça.
O que, então, seria um dom comum de línguas? Seria um idioma
humano que, embora normalmente ele não faça, talvez nunca possibilite que uma
pessoa fale em todos os idiomas humanos ou até mesmo dos anjos. Aqui estamos
interessados na definição do dom, isto é, uma definição aplicável
independentemente do ponto de vista da extensão do dom. Por meio desta
definição, mesmo numa manifestação comum daquilo que o dom geralmente
possibilita, uma pessoa ainda poderia falar em um, alguns, ou nos mais diversos
idiomas humanos por meio do poder sobrenatural.
Paulo nunca menosprezou qualquer um dos dons do Espírito. Pelo
contrário, aqueles que menosprezam os dons por causa de sua própria
incredulidade e tradição é que devem ser menosprezados. Faça com que eles tomem
cuidado com o que falam sobre os dons, para que eles não sejam como os fariseus
que tinham uma pequena fé, mas bocas grandes, eles persistem em perseguir os
crentes num ataque de fúria e, nessa tentativa, podem até mesmo cometer o
pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo.
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Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2011/04/18/tongues-and-human-languages/
Traduzido por: Dione Cândido Jr.
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