sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Nº 50



BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO
por Vincent Cheung

“Por esse motivo eu lhes digo: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado, nem nesta era nem na era que há de vir  Mateus 12:31-32.

Jesus havia curado um homem possuído por um demônio. O povo ficou atônito e perguntou se ele era o Filho de Davi, cuja vinda tinha sido prevista pelos profetas. Ouvindo isso, os fariseus disseram que Jesus estava expulsando os demônios por meio de Belzebu, o príncipe dos demônios. No entanto, de fato, se Jesus havia expulsado os demônios por meio do Espírito Santo, então os fariseus estavam indiretamente insultado o Espírito Santo, chamando-o de Belzebu, o príncipe dos demônios.

Em resposta à isso, Jesus primeiramente estabeleceu uma refutação teológica para a sua afirmação, e, depois, acrescentou um aviso  aquele que falar contra Cristo ainda poderá ser perdoado, mas aquele que falar contra o Espírito Santo não poderá ser perdoado. A maioria das explicações quanto a blasfêmia contra o Espírito Santo salientam quão difícil é, ou até mesmo impossível, cometer esse pecado imperdoável. Mas, visto que Jesus pretendeu que a declaração soasse como uma ameaça realista, vamos considerar o quão fácil é cometer esse pecado, um pecado para o qual não há perdão.

A blasfêmia contra Jesus Cristo foi classificada como um tipo de pecado semelhante à blasfêmia contra o Espírito Santo. Mesmo se pensarmos nesta última como um outro nível de blasfêmia, embora o texto não tenha sugerido isso, os pensamentos e as ações nesse caso são semelhantes. A principal diferença está no objeto que recebe o insulto. Para cometer a blasfêmia contra Jesus Cristo deve-se falar contra Jesus Cristo. Para cometer a blasfêmia contra o Espírito Santo deve-se falar contra o Espírito Santo.

Alguns estudiosos cristãos são especialistas em neutralizar os ensinos bíblicos que eles não gostam, e eles não gostam muito deste aqui. Então, eles se esforçam para definir este pecado como algo tão difícil e remoto que seria praticamente impossível cometê-lo. Entretanto, no mesmo contexto, Jesus acrescentou: Mas eu lhes digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado. Pois por suas palavras você será absolvido, e por suas palavras será condenado” (v.36-37). O pecado não era difícil ou impossível de ser cometido, mas poderia ser tão fácil de ser cometido que até mesmo uma palavra descuidada poderia fazê-lo.

A blasfêmia contra o Espírito Santo é frequentemente retratada como apenas uma contínua teimosia ou rejeição completa de Jesus Cristo. Mas isso não se encaixa ao contexto, o qual tem a ver com o ministério de milagres e expulsão de demônios. E isso não se encaixa ao ensino explícito que distingue a blasfêmia contra Cristo e a blasfêmia contra o Espírito como dois pecados diferentes. Os objetos que recebem os insultos são diferentes. Jesus disse que falar contra o Filho seria algo perdoável, enquanto que falar contra o Espírito Santo seria algo imperdoável. Por isso, é possível falar contra o Filho em vez do Espírito Santo, e é possível falar contra o Espírito Santo em vez do Filho.

O esforço em mesclar as duas coisas, para que esses diferentes pecados tornem-se apenas pontos diferentes numa mesma escala, parece ter a intenção de sentenciar o ensinamento de Jesus à irrelevância. A blasfêmia contra o Espírito Santo seria menos assustadora caso pudesse ser absorvida pela blasfêmia contra Jesus Cristo. Mas o próprio Jesus distingue as duas. Usar palavras contra Cristo não é a mesma coisa que usar palavras contra o Espírito Santo. O ensino foi destinado a ser assustador, e também servir como uma advertência em se cometer este pecado imperdoável. Enfraquecer seu temor só iria aumentar a possibilidade de cometê-lo.

Esses estudiosos tratam a questão colocando os dois pecados numa mesma escala, de modo que estes se tornem apenas diferentes graus de um mesmo pecado. Mas, insultar o Espírito Santo poderia muito bem ser considerado um pecado mais grave, mesmo não sendo necessariamente uma contínua teimosia ou rejeição completa de Jesus. Ele poderia ter dito: Se alguém falar contra o Filho poderá ser perdoado, mas quem sujar a rua com uma goma de mascar não poderá ser perdoado. A declaração seria totalmente inteligível, e esta última seria o pecado imperdoável, mas as duas coisas não seriam apenas dois pontos diferentes numa mesma escala, ou diferentes graus de uma mesma ofensa.

Outra tentativa em tornar o ensinamento de Jesus irrelevante sugere que este pecado imperdoável só poderia ser possível durante o ministério de Jesus, visto que só ele demonstrou a verdade e o poder de Deus, sem mistura, ambiguidade e imperfeição. Este argumento é estúpido e auto-destrutivo, uma vez que Deus estaria enviando milhões e milhões e milhões de pessoas para queimarem no inferno, embora elas tenham rejeitado a nossa pregação imperfeita sobre Cristo. Deus não acha que a rejeição da verdade só é possível quando a verdade é apresentada perfeitamente. Embora possamos não anunciar Jesus Cristo com perfeita clareza, força e precisão, quando alguém fala contra ele isso ainda conta como uma blasfêmia.

Portanto, mesmo que o Espírito Santo não se manifestasse através de perfeita , poder ou ordem, quando alguém falar contra ele isso ainda deverá contar como uma blasfêmia. Assim, estamos ficando mais e mais desconfiados de que os teólogos estão criando uma desculpa para a sua própria desobediência. Além disso, quando Jesus expôs o ensino sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo em outro lugar (Lucas 12:10), ele teve em mente um contexto em que os discípulos estiveram ministrando por conta própria e sofrido perseguições (v.11-12). Portanto, não é verdade que o pecado só é possível durante o ministério de Jesus.

Estudiosos insistem que a blasfêmia contra o Espírito Santo deveria ser uma ofensa conhecida e deliberada. No entanto, esta não é a natureza da blasfêmia que a Bíblia descreve. Paulo apontou que, embora tenha agido por ignorância, sendo até mesmo um blasfemo (1Tm. 1:13), ele não tinha um verdadeiro esclarecimento quanto a identidade e divindade de Cristo, mas, ainda assim, o que ele tinha dito a respeito Cristo contou como blasfêmia. E, como foi mencionado, no mesmo lugar onde Cristo ensinou sobre isso, ele advertiu que toda palavra inútil” seria julgada. Portanto, é possível cometer blasfêmia mesmo sem ter informação sobre ela. Caso contrário, um ateu, ou quase qualquer não-cristão, nunca poderia cometer uma blasfêmia contra Deus ou contra Cristo, enquanto somente um crente informado disso poderia cometê-la. Contudo, Paulo blasfemou quando ele era um incrédulo e ignorante.

É possível que um homem blasfeme contra Cristo mesmo que ele não saiba ou admita que Cristo seja o Filho de Deus. Dizer ou sugerir qualquer coisa negativa sobre Cristo conta como blasfêmia. Na verdade, ele não precisaria nem mesmo sugerir algo estritamente negativo. O próprio Jesus foi acusado de blasfêmia porque disse algo que sugeria que ele era igual a Deus. E se ele não tivesse dito a verdade, isto teria contado como uma blasfêmia. Não foi uma blasfêmia apenas porque ele é, de fato, igual a Deus, e Deus realmente é seu Pai. Mas isso demonstra como é fácil cometer uma blasfêmia.

Depois, outros dizem que se alguém teme haver cometido esse pecado imperdoável, então, este medo é a mais forte indicação de que ele não cometeu. Isto se baseia no pressuposto de que o pecado pode ser cometido apenas por um indivíduo irremediavelmente endurecido, que foi informado anteriormente, e fez isso de maneira maliciosa e deliberada. Assim, quando alguém comete este pecado ele está inteiramente entregue à incredulidade e não tem medo da ira de Deus. No entanto, até aqui temos destruído esta suposição. Os textos bíblicos sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo não sugerem nada disso, e até mesmo os demônios têm medo de Deus, embora eles não possam ser salvos. Além disso, ter medo de haver cometido este pecado não é uma indicação de que não se cometeu, porque este medo poderia muito bem ser nada mais do que a tristeza do mundo que leva à morte (2 Coríntios 7:10).

Um homem não cometeu blasfêmia contra o Espírito Santo apenas se ele não cometeu a blasfêmia contra o Espírito Santo. A maneira de garantir que você não tenha falado contra o Espírito é garantir que você não tenho realmente falado contra o Espírito. E se você tiver falado contra o Espírito Santo, então você falou contra o Espírito Santo, e já cometeu o pecado imperdoável. Não há maneira de contornar isso ou tentar evitar o problema. As soluções dos teólogos  em tornar o pecado mais difícil de ser cometido, ou fundi-lo com a rejeição de Cristo, ou designar o medo e a culpa como a indicação certa da inocência  oferecem falso conforto.

Os fariseus alegaram que o trabalho do Espírito Santo era uma obra demoníaca, assim, indiretamente, chamaram o Espírito Santo de um demônio. Este insulto indireto foi o suficiente para incitar o ensinamento de Jesus sobre esse pecado imperdoável. Mas é provável que haja insultos ainda menos específicos ou extremos que contem como uma blasfêmia contra o Espírito. Considere o que poderia contar como uma blasfêmia contra Jesus Cristo. Claro, seria blasfêmia negar direta ou indiretamente a sua divindade. Mas, também seria blasfêmia contra ele negar a necessidade ou o sucesso da expiação, ou sugerir que ele foi desonesto quando fez uma certa afirmação, ou que ele cometeu algum erro sobre alguma coisa. É fácil cometer uma blasfêmia.

A Bíblia nos instrui a testar as manifestações espirituais, e é concebível que, depois de um exame cuidadoso, podemos concluir que algumas manifestações sejam falsas ou até mesmo demoníacas. O ensinamento de Jesus nos adverte para que testemos as manifestações espirituais com conhecimento e integridade, e não apenas porque algo se opõe ou ameaça as nossas tradições teológicas e eclesiásticas. Agora, e se um homem verdadeiramente fala em línguas pelo Espírito Santo e alguém zomba dele por causa disso? E se, sem uma base bíblica irrefutável, alguém afirma que o Espírito Santo não faz algo assim? E se ele chama todo falar em línguas como sem sentido e absurdo? E se ele declara que os dons do Espírito, como a profecia e a cura cessaram, de modo que tudo o que aconteça agora não pode ser tido como verdadeiro? Se ele está enganado, então ele está insultando todas essas manifestações do Espírito Santo desde o desaparecimento dos apóstolos até a futura vinda de Jesus Cristo. Ele bateu no Espírito Santo em todos os séculos.

Cessacionistas estão em perigo iminente de cometer o pecado imperdoável que é falar contra o Espírito Santo. Eles se consideram os observadores dos cultos, os defensores da fé, e os guardiões da ortodoxia, dirigindo acusações contra os heréticos e fanáticos. Assim fizeram os fariseus, mas eles estavam blasfemando contra o Espírito Santo, pois aquilo que eles consideravam como ortodoxia era, de fato, a sua própria tradição teológica e patrimônio eclesiástico. Jesus Cristo veio no poder do Espírito Santo, e ameaçou tirar o respeito que as pessoas tinham por eles, o status de estudiosos que possuíam, e o lugar que tinham como autoridades da fé. Então eles chamaram Jesus de enganador, e chamaram o Espírito de demônio.

Não precisamos testar os espíritos? Mas, como você pode testar os espíritos se você nem sequer acredita nas verdadeiros manifestações do Espírito? Você diz: Eu acredito que Deus pode fazer milagres quando ele quiser, mas eu acredito que os dons de sinais cessaram, ou que esses milagres tenham cessado. Contudo, a Bíblia não classificou alguns desses poderes como dons de sinais, e muitas vezes a Bíblia nem sequer se refere aos poderes milagrosos concedidos aos crentes como dons espirituais. Seja com dons ou não, Jesus disse que qualquer um que tivesse fé poderia ordenar à uma montanha para que se movesse. E se alguém pode ordenar uma montanha para que se mova, ele pode ordenar para que uma febre, um câncer, ou um demônio saia. Toda essa conversa de dons é apenas um subterfúgio, uma tática de dividir e conquistar contra o poder de Deus.

Jesus disse que os fariseus eram como víboras em seu interior, e fora de seus corações maus falavam palavras más (v.33-35). Você também fala contra o Espírito Santo, porque o seu coração está cheio de incredulidade e veneno. Como os fariseus, você se chama de defensor da ortodoxia, mas você é um mentiroso, porque a sua ortodoxia não é bíblica nem do Espírito Santo. Você recebe aquilo que quer, e rejeita aquilo que te ameaça. Você exalta o que te faz parecer melhor, e se opõe ao que te faz parecer fraco.

Quando alguém menciona o poder do Espírito Santo em operação hoje, você diz: Sim, mas até mesmo Satanás opera milagres. Por que essa é a sua reação? Por que você diz isso como se diminuísse a importância do trabalho do Espírito Santo? A Bíblia ensina que até mesmo Satanás pode aparecer como um anjo de luz, e eu penso que ele pode até aparecer como um teólogo cessacionista também. Ao invés disso, quando eu ouço dizer que Satanás opera milagres, eu digo: Sim, mas o Espírito Santo opera milagres e ele é capaz de derrotar o poder de Satanás!. Em todo caso, em vez de silenciar as reivindicações milagrosas, agora finalmente temos milagres por toda parte, com você louvando o poder de Satanás, e eu louvando do poder do Espírito Santo.

Assim como os teólogos durante séculos tem minado o ensinamento de Jesus sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo, é claro que eu esperaria alguma oposição quando repetisse o ensinamento do Senhor. Mas eu tenho tamanho medo da advertência de Jesus que eu jamais teria o mesmo de alguém como você. O que você vai fazer, faça-o depressa. Quanto a mim, quero ver e reverenciar as obras do Espírito Santo, incluindo as suas poderosas manifestações de poder. Porque por tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado. Vá em frente, seremos testemunhas das palavras que você vai falar e escrever. Mostre ao mundo o que está em seu coração. Talvez até agora você não blasfemou contra o Espírito Santo, e este é o caminho de Deus para incitar você a fazer isso, de modo que se complete a medida dos seus pecados e se sele a sua condenação.


----------
Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2012/06/07/blasphemy-against-the-holy-spirit/

Traduzido por: Dione Cândido Jr.

Nº 49



A ESCRITURA NÃO LIMITA A FINALIDADE DOS DONS DE REVELAÇÃO À CONSTRUÇÃO DA FUNDAÇÃO
por Don Codling

Para chegar a conclusões sobre o caráter fundacional dos dons, será necessário examinar as passagens que têm sido tomadas para ensinar que eles são fundacionais, ou seja, Efésios 2:19-22 e Atos 1:6-8, 21-22. Vamos olhar também porções de 1Coríntios 14, que salientam a finalidade dos dons (edificação e culto), que podem ter valor fundacional mas também têm valor contínuo para além do período de fundação.

Efésios 2:20 fala dos gentios “... edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular”. Aqui há uma clara evidência ao trabalho de ambos, apóstolos e profetas, funcionando como elementos caracteristicamente fundacionais. Mas a fundação propriamente dita deve ser entendida como Cristo (1Co. 3:11), a pedra angular. A fundação foi estabelecida sim pelos apóstolos e profetas, mas quando em seu ministério eles deram testemunho de Cristo e de sua obra salvífica. Ao afirmar que o fundamento é Cristo, toda revelação de Cristo é certamente incluída, o que significa que a doutrina apostólica é parte dessa fundação[1]. O imediato significado dos “profetas” refere-se aos do Antigo Testamento, como Paulo vinculando os líderes religiosos e despenseiros da palavra de Deus da antiga e nova alianças, assim como foram comparados os períodos da antiga e nova alianças, e a posição dos gentios em ambos. No entanto, a progressão do pensamento a partir de 2:20 nos traz para a mesma combinação de apóstolos e profetas em 3:5 e 4:11, em ambos os casos os profetas em questão são os da Igreja do Novo Testamento. Assim, o contexto implica que em 2:20 os profetas também incluem aqueles do Novo Testamento, embora não necessariamente para substituição dos profetas veterotestamentários. Isso leva à conclusão assegurada de que o trabalho de pelo menos dois dos dons de revelação é fundacional.

Mas já foi visto que Hebreus 2:1-4 fala de testemunhas oculares sendo confirmadas pela operação de milagres. Um vez que os apóstolos são a principal parte do corpo de testemunhas oculares, isto conecta imediatamente os sinais, prodígios e milagres ao trabalho de fundação. Além disso, 1Coríntios 14:5 mostra que as línguas interpretadas são equivalentes a profecia. Neste sentido é sugerido que as línguas interpretadas também tiveram um papel fundacional. Na verdade é possível que todos os dons de revelação tenham tido um papel fundacional, embora seja certeza que apenas os apóstolos e profetas tinham esse papel nesse ponto. Os outros dons têm sido associados aos apóstolos e profetas, e não para o trabalho de fundação.

Se for demonstrado que todo o trabalho dos apóstolos e profetas consistia no estabelecimento de um fundamento, então todos os dons devem ter um papel fundacional. Se não puder ser demonstrado que toda a obra dos apóstolos e profetas foi fundacional, então não pode ser comprovado que os outros dons têm qualquer papel fundacional. Mas será que Efésios 2:20 não mostra que toda a obra dos apóstolos e profetas foi fundacional? Não. O texto apenas declare que os apóstolos e profetas estabeleceram uma fundação sobre a qual os gentios foram construídos. Eles também podem ter feito muitas outras coisas no seu serviço a Cristo, sem a menos transgressão deste texto. Mas há algo que possa ser adicionado à fundação que está posta quando esse fundamento é Cristo?:

O que de fato se deva adicionar a Cristo, a encarnação de toda verdade? A Igreja é edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas (Efésios 2:20). Mas os carismáticos parecem acreditar que muita coisa não dita foi deixada pelos apóstolos. O fundamento da verdade deve ser ampliado se a Igreja florescer, dizem-nos.[2]

Chantry está correto quando insiste que a fundação do ensinamento apostólico foi firmada de uma vez por todas. Efésios 2:20 certamente implica nesta verdade. No entanto, o versículo vinte e um vai falar de um crescimento contínuo ao invés de uma estagnação definida em nível de fundação. Todo o edifício está crescendo em Cristo, e ele não é apenas a fundação, mas também a pedra angular. Ele está envolvido e todo o edifício fortalecendo-o e sustentando-o. Esse prédio não cresce apenas através da adição dos remidos dia após dia e assim como doutrina é englobada na fundação também é englobada no crescimento. Cada parte desse edifício, cada cristão propriamente dito, está crescendo dia a dia em Cristo e isso inclui o crescimento no entendimento, bem como o crescimento na santificação[3]. A fundação não pode ser expandida, mas a superestrutura deve crescer. E se tal crescimento é em Cristo como Paulo descreve, não é nenhuma desonra para Cristo sugerir um crescimento no conhecimento de Deus edificado sobre a fundação, mas não necessariamente dedutível a partir dele. O que isso significa na prática, hoje, é que esta passagem não proíbe (ou apoia) a continuação do exercício dos dons de revelação, desde que eles não sejam colocados como adições à fundação, ou seja, às Escrituras canônicas.

Outra passagem indicando que os dons de revelação têm um papel fundacional é Atos 1. Nos versículos de seis a oito, quando os apóstolos perguntaram sobre a vinda do reino, foram orientados a aguardar a vinda do Espírito. Não lhes foi dada uma data para o restabelecimento do reino, mas foi-lhes dito que seriam testemunhas do poder do Espírito. É evidente que este testemunho em poder tem seu papel no trabalho da fundação do reino. Em seguida, os dons que os apóstolos receberam no Pentecostes foram para sua obra de fundação. Eles eram as testemunhas oculares autorizadas, embaixadores oficiais do rei a fim de estabelecer os fundamentos de seu domínio. O papel deles era, no mínimo, primeiramente fundacional.

Por conseguinte, sabemos que Matias foi escolhido para substituir Judas com o propósito de preencher aquele rol de testemunhas oficiais (At. 1:15ss). Por outro lado, Deus também separou Paulo especialmente para o ministério entre os gentios. Além de Matias e Paulo, nenhum outro foi escolhido, e a morte de João sinalizou o desaparecimento do apostolado deste mundo. No entanto, isso não implica concluir necessariamente que os dons associados aos apóstolos cessaram. Tais dons também tiveram efeitos para além de sua utilização na obra de fundação dos apóstolos. Esta passagem, então define o ofício apostólico como conectado ao período de fundação do reino tão intimamente que a função terminou com o fim desse período. Entretanto, a mesma definição não pode ser aplicada aos outros dons de revelação, e assim não subsidia qualquer razão para concluir que tenham cessado.

1 Coríntios 14 demonstra positivamente que outros dons têm finalidades não necessariamente fundacionais. O primeiro versículo ajuda a apoiar a distinção que tem sido sugerida acima, ou seja, a diferenciação entre o apostolado e os outros dons. É fato também que os coríntios foram orientados a buscar os dons espirituais, especialmente o dom de profecia. Na lista ordenada em 1 Coríntios 12:28, a profecia foi o segundo dom. O fato de os coríntios estarem buscando especialmente por isto, em vez do apostolado, é indicativo do fato de que a função apostólica foi limitada de forma que a profecia não foi. Isto não prova que os profetas continuaram para além da primeira geração, mas faz com que uma linha divisória muito tênue permita isso. Os apóstolos foram limitados a um seleto grupo que teve de desaparecer. Se todos os coríntios poderiam ser encorajados a aspirar pelo dom da profecia, então não havia motivo inerente ao dom que exigiria seu desaparecimento.

Os primeiros vinte e seis versículos de 1 Coríntios 14 enfatizam repetidamente que um dos propósitos dos dons é a edificação. Esta é a verdade indiscutível da profecia, como é explicitamente declarado nos versículos três, quatro e cinco, e implicitamente na discussão envolvendo grande parte do restante do capítulo. as houve controvérsia sobre as línguas são sempre instrumentos de edificação. Por exemplo, G. Omerly argumentou que elas não são para oração a Deus e nem primariamente estabelecidas para uso privado e edificação particular[4]. As línguas ainda não interpretadas são explicitamente descritas como edificando apenas quem fala, em vez de a igreja (1 Co. 14:4-5)[5], e são explicitamente ligadas à oração (1 Co. 14:14-17). Isto levanta um problema, no entanto, o versículo catorze torna claro que a pessoa com o dom de línguas, mas sem o dom de interpretação não entende o que diz[6]. Como então elas podem edificar? Isto não foi revelado a nós, mas aquele que fala em línguas edifica-se a si mesmo (1 Co. 14:4)[7]. Um exemplo na experiência moderna sugere uma maneira em que isso pode ocorrer. L. Christenson cita a experiência de uma mulher que estava ficando desanimada com a prática de falar em línguas:

Esta língua estranha não estava contribuindo em nada para mim. Mas, aos poucos, tomei conhecimento de que os meus pensamentos mudaram, quando eu deixei de pensar em mim mesma a nas minhas obrigações diárias, para pensar em Deus, sua grandeza e seu amor pelo homem. Minhas atividades cotidianas passaram a ser realmente realizadas para Seu serviço, e a presença de Cristo estava mais perto de mim a cada dia. Sempre tentei viver a minha vida como um serviço a Deus a estar perto de Cristo, mas isso exigia um esforço. Agora isto vem naturalmente, quase sem esforço. Agora parece que Deus está fazendo essas coisas para mim. Não posso levar qualquer que seja o crédito por esta mudança. Toda a glória deve ser para Deus.[8]

Nós comumente pensamos sobre edificação em termos de aumento do conhecimento, mas é evidente a partir de 1 Coríntios 14:4,13,14, que isso nem sempre é o caso. Há edificação que ocorre fora da compreensão que está além do uso da mente. Edificação significa crescimento na proximidade com Deus e em obediência a ele, bem como crescimento no conhecimento. Quer entendamos ou não, as línguas eram um dom de Deus, e ele declarou que pelo menos um dos propósitos desse dom sempre foi o de edificar. A interpretação da edificação pessoal adquirida a partir do falar em línguas, era para ser entendida à igreja. O versículo doze é suficiente e usual para justificar e estender o propósito de edificação para toda lista de dons espirituais. Aqueles que estão desejosos de dons espirituais busquem a edificação da igreja.

Então, se os dons são para a edificação, logo o propósito válido deles não se limitou ao período de fundação da igreja. Certamente, a edificação é importante em que estabelece as bases da fundação, mas também certamente não se limita ao período fundacional. Nunca haverá um momento em que a edificação não seja importante para a vida individual do cristão ou para a igreja, até que todos os santos estejam de pé diante do trono de Deus. Na verdade, a própria palavra edificação” sugere o que é construído sobre a fundação, em vez de a própria fundação[9]. Isto é muito claro em 1 Coríntios 3:10 ss., quando Paulo declara haver lançado fundamento (que é Jesus Cristo) em Corinto e outros edificaram sobre este fundamento. Para “construir sobre” (poinodoméo) em 3:10 é a mesma raiz da palavra usada no capítulo quatorze (onodoméo) e traduzida como “edificar”. Edificação é um propósito positivo dos dons espirituais, que não precisamos assumir como tendo desaparecido uma vez concluído o cânon das Escrituras, encerrando, assim, o período fundacional.

Um segundo propósito para os dons de revelação que é estabelecido em 1 Coríntios 14 é seu uso no culto. As línguas são para o uso na oração (14:14-15), e isso pode ser feito em público liderando o culto, além de ser um método para se render graças a Deus[10]. No entanto, tal oração deve ser interpretada de forma que o restante da congregação participe. Mais tarde Paulo fala da sua reunião para o culto (14:26ss.)[11], onde cada pessoa tem algo para contribuir para o desenvolvimento da adoração coletiva, quer se trate de um salmo, um ensinamento, uma revelação, uma língua ou uma interpretação. Eles são trazidos de tal forma que edificam o povo de Deus. Assim, todos os dons mencionados aqui têm um papel de adoração no culto e como o culto não cessou com a conclusão da fundação podemos certamente estabelecer que este propósito dos dons ainda deva ser exercido hoje.

Ao examinar estas passagens da Escritura notamos que os dons não foram negados, ao contrário, foi afirmado que os dons de revelação tinham um propósito fundacional, embora também tenhamos demonstrado que não há base para afirmar que esta era toda sua finalidade. A única exceção a isso seriam apóstolos, que pelo fato de serem tão intimamente ligados com a fundação da igreja pela sua comissão, a função específica do dom do apostolado teve de desaparecer uma vez que a fundação foi implantada. No entanto, os outros dons, embora úteis na definição dessa fundação, não foram tão intimamente relacionados à ela. Tem sido demonstrado que eles tinham outros fins com valor permanente para o dia de hoje e mais além.




Notas:
[1] BAYNE, Paul. An Exposition of Ephesians. Sovereign Grace Publishers, 1959, 2:20; CALVIN, John. The Epistles of Paul the Apostle to the Galatians, Ephesians, Philipians and Colossians, eds. TORRANCE, D. W.; TORRANCE, T. F., trans. PARKER, T. H. L., Vol. IX, Calvin’s Commentaries. Grand Rapids: Eerdmans, 1972, Eph.2:20.
[2] CHANTRY, Walter J. Signs of the Apostles. Edinburgh: Banner of Truth Trust, 1973, p.39.
[3] BAYNE, Ef.2:21.
[4] Omerly, pp.70,75.
[5] MORRIS, L. The First Epistles  of Paul to the Corinthians, The Tyndale New Testament Commentaries. Grand Rapids: Eerdmans, 1960, 14:4-5.
[6] A possibilidade de quem fala em línguas não entender o que ele diz é rejeitado por Charles Hodge, alegando que outras considerações exigem que quem fala em línguas esteja faltando outras línguas conhecidas para si próprio, em An Exposition of the First Epistle to the Corinthians. New York: Robert Carter & Brothers, 1857, 14:13-14. Ele interpreta o versículo 13 para dizer que quem fala (ora) em língua desconhecida ore com a intenção de que ele possa interpretar a oração. Esta interpretação do versículo não é aceitável no contexto, exigindo tensa interpretação dum certo número de versículos relacionados. O versículo 14 tem ser interpretado como dizendo que as coisas que o falante compreende não são de benefício algum para ninguém. O versículo 15 deve ser interpretado de uma forma que perde completamente a força levemente disjuntiva da conjunção . Além disso, um sentido expandido é colocado mediante "orarei com o espírito, mas também orarei com entendimento", que tem de ser interpretado com, eu orarei de tal maneira que a minha mente também esteja dando frutos, fornecendo orações compreensíveis para aqueles que o rodeiam. Além disso, a inclusão de interpretação como um dom separado nas várias listas mencionadas no NT desafia este ponto de vista, porque quem fala em línguas sempre entendeu o que estava dizendo, então o falar em línguas e a interpretação de línguas seriam dons idênticos.
[7] Reformed Presbyterian Church, Evangelical Synod, Minutes of the 149th General Synod (May, 1971), p.95.
[8] Speaking in Tongues and Its Significance for the Church. Minneapolis: Bethany Fellowship, 1968, p.76.
[9] THAYER, J. H. A Greek-English Lexicon of the New Testament. Corrected ed.: New York: Harper & Brothers, 1889, pp.439-440.
[10] Morris, 1 Co. 14:14-17.
[11] GROSHEIDE, F. W. Commentary on the First Epistle to the Corinthians, Vol. VII of The New International Commentary on the New Testament. Grand Rapids: Eerdmans, 1968, 14:26ss.; Morris, 1 Co. 14:26.

---------
Extraído de:
CODLING, DON. Sola Scriptura e os Dons de Revelação. Natal, RN: Editora Carisma, 2016, p.149-156.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Nº 48



CESSACIONISTAS COMO ASSASSINOS EM MASSA
por Vincent Cheung

Às vezes algumas pessoas argumentam contra a cura bíblica usando como referência os casos de presunção. A alegação seria que alguns que insistiram em receber a cura de Deus e recusaram a assistência médica, posteriormente, pioraram nas suas condições, e outros até mesmo morreram. Mas o que isso tem a ver com a doutrina bíblica da cura? Como sabemos se essas pessoas realmente tiveram fé? Nos casos que examinei, as pessoas que acabaram prejudicadas nunca entenderam aquilo que foi ensinado sobre a cura, ou nunca praticaram aquilo que foi ensinado. Em alguns casos, elas foram, de fato, ensinadas incorretamente na doutrina, mas isso é irrelevante, pois elas não seguiram nem mesmo a versão errada. Estas pessoas foram induzidas a pensar sobre o assunto através do que ouviram, mas em vez disso, geralmente, elas agem por meio das suas próprias ideias.

Aqueles que argumentam contra a cura bíblica dessa forma empregam uma tática similar aos repórteres que manipulam o público por meio de histórias do interesse comum, onde eles se concentram em indivíduos específicos para chegarem à uma pontuação política geral. Tais indivíduos podem ter-se afogado supostamente nos problemas que concernem as ideologias e regulamentos que os repórteres se opõem. Alguns repórteres tentam minar a cura bíblica por meio deste método. Eles usam histórias do interesse comum” na tentativa de manipular a opinião pública e, se possível, a doutrina cristã. Este método ignora a investigação racional e vai direto à jugular emocional. É um truque para o playground intelectual. É para as crianças. Ainda assim, alguns cristãos se apaixonam por ele, e fazem a mesma coisa. Mas cristãos não devem usar métodos desleais para influenciar as pessoas.

A história pode servir como uma ilustração juntamente com um argumento, mas nunca será um substituto para um argumento. Em primeiro lugar, os repórteres, os caçadores heresia e os observadores de culto estão ansiosos para minar a doutrina bíblica da cura. Eles raramente querem entender o que a Bíblia ensina sobre o assunto, e também não tentam apreciar o que os ministérios direcionados à isso ensinam a respeito, e por fim, eles não procuram investigar se as pessoas doentes verdadeiramente compreenderam e praticaram o ensino. Ao invés disso, eles procuram resultados trágicos  eles caçam histórias  aprendem sobre isso, e depois atribuem a culpa aos pregadores ou as doutrinas que desejam derrubar. Supõe-se que isto seja racional e científico. Supõe-se que isto seja um bom relatório e uma boa pregação.

No entanto, se a doutrina da cura está errada, então não precisamos de histórias para reforçar esse ponto. A doutrina seria errada mesmo sem histórias trágicas. Mas, se a doutrina de cura está correta, e se trata-se de Deus, então as histórias não podem contestá-la. Na verdade, se a doutrina está correta, então nossa primeira suposição deveria ser que, seja em qualquer lugar onde ela pareça falhar, ou uma pessoa nunca acreditou nela ou nunca a praticou. Isso não deveria ser a suposição inicial em todo os casos pelo menos se você é um cristão? Se existem razões mais matizadas, então ainda podemos descobrir sobre elas, mas se você jogar tudo fora, você nunca vai dar o primeiro passo na compreensão. É um enfoque de avestruz para a teologia. Isso é um raciocínio simplista do evangelho. Se um membro da igreja é mandado para o inferno, os caçadores de heresia e observadores de culto denunciariam o sangue de Cristo e concluiriam que tal coisa como a salvação não existe, ou eles diriam que essa pessoa realmente nunca acreditou em Cristo, e que ela só esteve participando de movimentos e agindo como um crente?

Suponha, com garantia bíblica zero, que você possa especular como uma pessoa poderia ter-se recuperado caso tivesse rejeitado a doutrina da cura, ou se ela tivesse afirmado não acreditar nela (desde que ela realmente não tivesse acreditado). Contudo, com muita garantia bíblica, você poderia alegar que milhares e milhares e milhares de pessoas teriam sobrevivido se pessoas como você pregassem a doutrina bíblica da cura, de que Jesus Cristo levou as nossas doenças e carregou as nossas enfermidades, e que a oração da fé pode curar os doentes. Você conseguiu um resultado, e especulou sobre uma doutrina inteira, quando uma pessoa provavelmente não acreditou ou praticou a doutrina, mesmo que a doutrina ensinada seja provavelmente diferente daquela que está na Escritura, ou mesmo que o resultado em si não tenha nada a ver com a doutrina.

Por outro lado, eu posso tomar a doutrina de Deus e fazer uma aplicação dedutiva. Se a Bíblia ensina o arrependimento, e se você se recusa a ensinar o arrependimento a um pecador, então o sangue dele estará em suas mãos, mesmo que ele não tenha se arrependido. O seu abandono do dever tornou-se a própria base para atribuir à você culpa suficiente pela condenação do pecador. O próprio Deus explicou isso (Ezequiel 33:1-9). Da mesma forma, se a Bíblia ensina a cura, e se você se recusa a ensinar a cura para uma pessoa doente, então a morte dela estará em suas mãos, mesmo que ela não tenha acreditado ou se recuperado. Seu abandono do dever tornou-se a própria base para atribuir à você culpa suficiente pela morte da pessoa doente. A partir desta perspectiva, cessacionistas são assassinos em massa. Os caçadores de heresia e os observadores de culto que se recusam a ensinar sobre a cura, e que minam a doutrina da cura, são assassinos em massa. Isto é uma aplicação direta de um princípio bíblico. Não se trata especulação, visto que é irrelevante saber se algum deles foi curado ou não, já que o pecado se encontra em não dizer às pessoas sobre a cura e em não orar por cura.

Quem tem a responsabilidade e a oportunidade de ensinar sobre Jesus Cristo, mas que não ensina sobre a cura, ou até mesmo ensine contra ela, é um assassino em massa. E quem usa anedotas para minar essa doutrina é um religioso sangrento que explora o sofrimento das pessoas para progredir na sua agenda teológica. Ele é o pior tipo de escória. Para cada um que morreu por causa de uma distorção da doutrina, ou por causa de alguma coisa relacionada com a doutrina, quantas centenas de milhares de pessoas morreram porque cristãos se recusaram em ensinar a doutrina, e ensiná-la corretamente? Além disso, para todos os que morreram, quantos foram curados, ou até mesmo tirados da beira da sepultura, porque alguns cristãos pregaram sobre a cura e oraram pelos doentes como Jesus mandou? Quem traz os abusos à tona, querendo pôr em descrédito a doutrina, condena-se a si mesmo. Se distorções e mal-entendidos resultaram em perdas, então, a solução não seria jogar fora a doutrina, mas sim ensiná-la corretamente e constantemente.

Você quer atribuir uma morte à alguém que pregava sobre a cura? Dez? Cinquenta? Eu vou culpar você e seu tipo pela morte de milhares e milhares e milhares e milhares e milhares e milhares de pessoas doentes que poderiam ter sido ajudadas por meio da verdadeira doutrina bíblica da cura. Se você não quer esse tipo de atenção, então não comece uma briga que você não consiga ganhar. Não ponha a culpa em alguém que estava pregando sobre a cura. Talvez a pessoa doente morreu porque você não pregou sobre a cura para ela! A culpa foi até mesmo sua! E enquanto você se recusa  a ensinar essa doutrina, eu posso te culpar por cada pessoa que fica doente e morre.

Antes de dizer uma palavra sobre Tom Jones da Flórida ou Megan Smith do Alasca, e sobre como eles foram enganados pelo Reverendo-Me-Dê-Dinheiro, primeiro escave para fora dessa montanha de cadáveres. O que? Você ainda quer discutir? Não podemos sequer ouvi-lo com todos esses cadáveres em cima de você. Para cada caso em que você culpa o ensino da cura, eu vou te culpar por cada pessoa que morre de uma doença, porque você não fez a sua parte. Olha, você acabou de matar outro. E... lá se vai outro. O sangue delas estarão em suas mãos. A Bíblia, de fato, ensina uma doutrina da cura miraculosa. Se você não vai ensiná-la, então você não pode se dar ao luxo de jogar esse jogo. É sair ou ficar enterrado.


----------
Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2016/06/13/cessationists-as-mass-murderers/

Traduzido por: Dione Cândido Jr.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Nº 47



A COMPAIXÃO DO SENHOR EM CURAR
por F. F. Bosworth

Muitas pessoas em nossos dias foram ensinadas que Jesus operou milagres de cura apenas para mostrar seu poder e provar sua divindade. Isso pode estar correto, mas está longe de ser toda a verdade. Ele não teria de curar todos para mostrar seu poder; alguns casos extraordinários seriam suficientes. No entanto, a Bíblia mostra que ele curou por causa da compaixão que sentia pelas pessoas e para cumprir as profecias. Outros ensinam que Jesus curava os enfermos apenas para ficar conhecido. Todavia, em Mateus 12:15,16, lemos: “Jesus, sabendo disso, retirou-se dali, e acompanhou-o uma grande multidão de gente, e ele curou a todos. E recomendava-lhes rigorosamente que o não descobrissem.

Ao terem de admitir que Jesus curou todas as pessoas que foram até ele, alguns afirmam que a profecia de Isaías, referente ao fato de o Messias ter levado sobre si as nossas enfermidades (53:4), envolveu somente o seu ministério terreno; que aquela manifestação universal de compaixão divina foi especial e não uma manifestação da vontade imutável de Deus. A Bíblia, porém, ensina claramente que Cristo começou a fazer e a ensinar não somente aquilo que deveria ter uma continuação, como também uma ampliação, depois da sua ascensão.

Depois de ter curado todos os que iam até ele, durante três anos, o Mestre disse: “Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá” (Jo. 16:7). Se ele modificasse seu ministério para com os aflitos, como tal afirmação poderia ser verdadeira, ou seja, que sua partida era necessária?

Antecipando o ceticismo que se criaria em torno dessa excelente promessa, a da cura, ele reiterou seu compromisso de, depois de sua ascensão, continuar operando maravilhas, em resposta às nossas orações: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço e as fará maires do que estas, porque eu vou para meu Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho” (Jo. 14:12,13). Em outras palavras, devemos fazer essas obras, pedindo a Jesus que as faça. Ele não disse “obras menores”, mas “as obras que eu faço” e “maiores do que estas” (v.12). 

Essa promessa vinda dos lábios de Jesus é uma resposta para todos aqueles que se opõem à cura divina, bem como às publicações desse gênero. Cristo, ao ser tentado pelo diabo, resistiu-lhe, afirmando: “Está escrito” (Mt. 4:4,7,10). Como Jennings Bryan disse muito bem: “Uma vez que Cristo e o diabo disseram 'Está escrito', por que os pregadores não podem fazer o mesmo?[...]

Não devemos entristecer o coração de Jesus

Entristecemos o coração de Jesus quando duvidamos de seu amor ou menosprezamos sua compaixão. Por isso, ele chorou por Jerusalém. Em nossos dias, muitos ministros dizem que não precisamos de milagres, pensando que estes são apenas sinais que provam a divindade do Senhor. Eu lhes perguntaria, então: “Se vocês tivessem um câncer correndo em seu cérebro, vocês precisariam de um milagre, não é mesmo?

Muitas pessoas estão tão às escuras quanto a este assunto que nem lhes ocorre que os enfermos são dignos de misericórdia. Nunca pensam no dom de cura e operação de milagres como manifestações da compaixão de Cristo e que, durante três anos, hora após hora, dia após dia, ele curou todos os aflitos por causa da sua compaixão. Será que, hoje, as necessidades dos aflitos são as mesmas que as das pessoas da época de Jesus? Será que também precisam de compaixão?

Quando pensamos na enorme multidão de desesperados e aflitos, para quem até a morte seria um alívio, para  quem os médicos, depois de tentarem tudo, tiveram de dizer: “Não podemos fazer mais nada por você”, vemos o quanto é bom sabermos que a compaixão de Cristo continua em operação, exatamente como ocorreu durante o seu ministério terreno. Esse é um fato em relação ao qual podemos realmente descansar.


----------
Extraído de:
BOSWORTH, F. F. Cristo, aquele que cura. Rio de Janeiro: Graça Editorial, 2002, p.71-72, 104-105.

domingo, 9 de outubro de 2016

Nº 46



TRANSPORTADO PELO ESPÍRITO
por Vincent Cheung

Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, não o vendo mais o eunuco; e este foi seguindo o seu caminho, cheio de júbilo. 40 Mas Filipe veio a achar-se em Azoto; e, passando além, evangelizava todas as cidades até chegar a Cesareia  Atos 8:39-40.

Deus não realiza um milagre somente quando há uma terrível necessidade, e muitas vezes ele não o faz somente para dar prova de si mesmo. Sempre é tolice tentar chegar a uma razão por trás de um milagre ou indicar um motivo que possa cobrir todos elas, tal como dizer que ele faz isso para autenticar uma nova revelação. Se a Bíblia nos diz que há uma razão, então aceite isso. Se a Bíblia não nos diz, e é impossível inferir alguma coisa, então aceite isso. Deus pode muitas vezes ter mais de um motivo para a realização de um milagre.

Deus poderia realizar um milagre porque desejou autenticar uma nova revelação ou porque manteve a sua palavra sobre uma revelação antiga. Ou, ele poderia ter compaixão e decidido prestar ajuda prática à alguém. Ninguém pode culpá-lo quando ele faz isso em grande estilo. Talvez ele venha fazer algo, não diretamente, mas através de um dom do Espírito, e não por um líder, apóstolo ou igreja, mas por meio de um crente menor e menos treinado, só para esfregar na cara dos teólogos que dizem às pessoas o que eles não querem. Se Deus quer fazer alguma coisa, ele vai fazer, e você não pode pará-lo, mesmo quando ele faz algo através de alguém que o seu preconceito religioso desaprove. Deixe seu preconceito queimar no inferno, de modo que você não tenha que ir para lá.

Este milagre parece incomum, mas não é inédito. Enoque andou com Deus, e não experimentou a morte, porque Deus o levou embora (Gênesis 5:24; Hebreus 11:5). Elias, provavelmente, experimentou tantas vezes este milagre que acabou ficando conhecido por ele, visto que as pessoas achavam que isso ocorria à ele. Quando ele disse que iria esperar o rei, Obadias já ficou preocupado e respondeu: Poderá ser que, apartando-me eu de ti, o Espírito do SENHOR te leve não sei para onde (1 Reis 18:12). Então, como Enoque, Elias foi levado para o céu e não experimentou a morte (2 Reis 2:11-12). A companhia de profetas não sabia se ele tinha sido levado para o céu, e assim eles disseram: “Pode ser que o Espírito do SENHOR o tenha levado e lançado nalgum dos montes ou nalgum dos vales (v. 16).

É possível que João 6:21 descreva um milagre similar associado à Jesus: Então, eles, de bom grado, o receberam, e logo o barco chegou ao seu destino”. Isso pode significar que o barco chegou sem mais incidentes, mas se caso se refira a algum milagre, então isso significa que quando Jesus entrou em cena o barco e todos os seus passageiros foram miraculosamente transportados para a costa. Isso seria consistente com o fato de que algumas pessoas viam em Jesus o retorno de Elias, embora tenha havido uma série de outras coisas a respeito de Jesus que pudesse relembrar sobre os profetas.

Alguns dos maiores ou mais importantes feitos de Deus não foram realizados por meio dos apóstolos, ou até mesmo em associação com os apóstolos. Um dos capítulos mais gloriosos e importantes da Igreja primitiva centraliza-se em Estêvão, em como ele confrontou os não-cristãos com um brilhante relato sobre o tratamento de Deus com o seu povo, e como o céu se abriu para ele pudesse ver Jesus Cristo à mão direita de Deus. Aqui Filipe foi transportado pelo Espírito de Deus. Ele desapareceu diante de testemunhas e apareceu em outro lugar.

Embora Filipe sempre seja retratado sob uma luz positiva, alguns teólogos tem tentado miná-la quanto ao seu ministério em Samaria. Não porque a Bíblia afirme que houve alguma coisa defeituosa na obra de Filipe, mas porque Lucas, como ele faz em outros lugares, apresenta a conversão a Cristo e a recepção do Espírito como bênçãos distintas. Ouvindo os apóstolos, que estavam em Jerusalém, que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram-lhe Pedro e João; os quais, descendo para lá, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo; porquanto não havia ainda descido sobre nenhum deles, mas somente haviam sido batizados em o nome do Senhor Jesus. Então, lhes impunham as mãos, e recebiam estes o Espírito Santo (Atos 8:14-17). Esta é uma tremenda ameaça para os teólogos da incredulidade, e eles se recusam a permitir isso. Não importa o que a Bíblia esteja dizendo, eles estão decididos a fazer seus próprios caminhos.

Assim, eles afirmam que o ministério de Filipe era tão deficiente que os samaritanos não eram de fato convertidos até que os apóstolos chegaram. O que? Será que os apóstolos converter as pessoas colocando as mãos sobre elas? “Haviam sido batizados em nome do Senhor Jesus, mas Lucas insiste em que Samaria recebera a palavra de Deus e isso tinha satisfeito a demanda de Pedro em Atos 2: Arrependei-vos e sede batizados, cada um de vocês, em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados. E depois disso, acrescentou Pedro: recebereis o dom do Espírito Santo” (v. 38). Os samaritanos tinham passando pelo mesmo processo que Pedro descreveu. Nada mais é do que um preconceito demoníaco supor que eles não haviam sido convertidos sob a pregação de Filipe.

Mas os teólogos ainda se recusam a aceitar a palavra de Deus, e eles insistem que a conversão à Cristo e a plenitude do Espírito devam ser idênticas e simultâneas. Mantendo essa constante contra todas as evidências contraditórias à sua hipótese, a experiência das duas fases dos samaritanos só ocorreu porque Deus quis lhes mostrar que estavam formalmente aceitos na sua igreja, enviando os apóstolos e atrasando o enchimento do Espírito. Eles estão cegos para outra possibilidade. Talvez Deus enviou os apóstolos e atrasou o Espírito para deixar um ponto evidente às gerações futuras e à esses teólogos de que estas são, de fato, duas bênçãos distintas.

O texto em si sugere que impor as mãos sobre as pessoas para a recepção do Espírito Santo é uma habilidade ou ministério a parte, de modo que Simão tentou comprá-lo (Atos 8:19). Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde, o olfato? Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve” (1 Coríntios 12:17-18). Então Filipe pregou ao povo, e, em seguida, Pedro e João impuseram as mãos para que recebessem o Espírito Santo.

Os teólogos insistem que isso era um privilégio dos apóstolos, e que a recepção do Espírito foi separada da conversão a Cristo apenas por uma exceção. Ou seja, todas as passagens bíblicas que refutam a sua teoria são exceções. Talvez os não-cristãos possam aprender alguma coisa com esses estudiosos, porque por meio deste método se pode ser capaz de provar o ateísmo na Bíblia. Em todo caso, o próximo capítulo diz que Ananias, um crente comum, pôs as mãos sobre Paulo para que ele pudesse ser cheio com o Espírito Santo três dias após a sua conversão. Assim como Pedro e João impuseram as mãos sobre os samaritanos para lhes conferir o Espírito Santo e para iniciarem sua vida cristã, Ananias impôs as mãos sobre Paulo para lhe conferir o Espírito Santo e para iniciar seu surpreendente ministério como apóstolo.

Deus deixou seus testemunhos por toda a Escritura como gestos obscenos contra a sabedoria destes teólogos da incredulidade. Ele diz: Tome isso! Uma ou outra vez contra sua incredulidade, preconceito e agenda pessoal. Devemos lembrar que Deus pode transportar pessoas direto para o inferno tão facilmente como ele pode transportá-las direto para o céu. E, de fato, o inferno será um grande dedo médio contra a incredulidade. Quanto a nós, não consideramos Deus como obsceno, pois todas as suas bênçãos são gestos de sabedoria, poder e amor. Aqueles que perecem consideram o aroma de Cristo como cheiro de morte (2 Coríntios 2:16), mas para nós a sua ira em destruí-los é instrutiva e gloriosa (Romanos 9:22-24).

Os seus pregadores e teólogos corajosamente proclamam o sacerdócio de todos os crentes. Mas eles são mentirosos  eles não acreditam. Eles vão afirmar sua doutrina contra aqueles que se consideram demasiadamente restritivos ou autoritários, mas, logo após, eles vão se voltar para minar a sua liberdade em Jesus Cristo. Eles vão limitar a aplicação da doutrina para pressioná-la para baixo e cercar você por dentro, não de acordo com os princípios bíblicos, mas de acordo com as suas próprias tradições, codificadas como ortodoxia por seus credos.

Mas a Bíblia ensina o sacerdócio de todos os crentes, de modo que se você é um seguidor de Jesus Cristo, então você é um sacerdote sob ele. Você tem acesso direto e completo a Deus, e possui autoridade e capacidade para dispensar a graça de Deus a qualquer pessoa e em qualquer lugar. Mais do que isso, Lucas ensina sobre a profecia de todos os crentes. Moisés tinha dito: Eu desejo que todo o povo do SENHOR fosse profeta, e que o Senhor pusesse o seu espírito sobre eles! (Números 11:29). Seu sonho foi finalmente realizado no dia de Pentecostes, quando Jesus Cristo recebeu a promessa de seu Pai e derramou o Espírito sobre todo o seu povo.

Pensar que poderes milagrosos do Espírito pertencem unicamente a ou só foram associados aos apóstolos, e que morreram com eles, representa um distanciamento fundamental do coração de Deus e uma compreensão profundamente deficiente da Escritura, desde Números até os Evangelhos e os Atos. No entanto, esta é a posição das multidões de pregadores e teólogos que pretendem ser seus guias confiáveis ​​no caminho de Cristo. Eles são fraudes. Não acredite neles. Eles rejeitaram o privilégio e desejam que você rejeite-o também. Mas a Bíblia ensina que todo o povo de Deus pode ser profeta. Eles podem ser veículos não só da sua graça salvadora, mas também da força do seu poder.

O Espírito de Deus pode fazer grandes coisas através de você, independentemente de seu título e independentemente de qual século que você vive. A questão nunca foi se os apóstolos estão mortos, mas se Deus está morto. Se Deus está vivo, então tudo é possível ao que crê. Podemos avançar com Jesus Cristo tão longe quanto a nossa fé puder nos levar, e as doutrinas e instituições dos homens não podem nos deter. Claro, devemos ter aspirações realistas, mas temos de ser realistas não de acordo com a doutrina da incredulidade, e sim de acordo com a medida da fé.


----------
Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2012/06/07/transported-by-the-spirit/

Traduzido por: Dione Cândido Jr.