sábado, 26 de março de 2016

Nº 09



O CAMINHO DO AMOR 
por Vincent Cheung

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido” – 1 Coríntios 13:1-12

Da mesma forma que 1 Coríntios 12:12-26 não está falando principalmente sobre biologia mas de dons espirituais, embora seja verdade o que a passagem diz sobre biologia, 1 Coríntios 13 não é principalmente sobre amor, uma vez que Paulo ainda está falando sobre dons espirituais, embora o que ele diga sobre o amor seja verdadeiro e possa ser aplicado além do presente contexto. No entanto, se o amor se torna o principal ou mesmo o foco exclusivo, então vamos perder o que o apóstolo nos diz sobre o amor e os dons espirituais. Ele não se refere a um amor que é sem os dons, uma vez que ele está falando sobre o amor no contexto do uso correto dos dons.

Assim, poderia até ser enganoso chamar isso de “o capítulo do amor”, uma vez que seria mais apropriado “sobre os dons espirituais, seção 3". O costume de se dar ao amor o principal ou o foco exclusivo ao ler essa passagem tem incentivado a falsa noção de que o amor é uma alternativa para os dons espirituais, ou uma alternativa superior para aqueles. Isso perde o ponto de Paulo. Ele precede esta passagem dizendo: “Mas procurai com zelo os maiores dons. E agora vou lhes mostrar um caminho mais excelente”. Ele não quer dizer que o amor é mais excelente do que os dons, ou que o amor em si é um dom maior, pois nesse contexto o amor não é sobretudo um dom espiritual. Ele segue imediatamente a seção com: “Sigam o caminho do amor e procurai com zelo os dons espirituais, principalmente o dom de profecia”. Mesmo depois que ele introduziu este “caminho mais excelente”, ele não diz para seguir o amor em vez de desejar os dons espirituais, mas seguir o amor e desejar os dons.

O contexto é o desejar dos dons espirituais, ou o motivo adequado para a sua operação. Assim, o “caminho mais excelente” não se refere a um dom superior ou algo que é superior aos dons, mas sim a uma motivação superior do que mero desejo dos dons. O amor é o caminho mais excelente para orientar o pensamento de uma pessoa sobre os dons, sobre quais ela deve desejar, e sobre como ela deve usá-los. Em vez de pensar sobre quais dons que melhor exaltam seu orgulho ou promovem seu status, agora ela está pensando sobre quais dons serão mais benéficos à igreja, quais dons irão ajudar mais os outros cristãos em sua fé, e quais dons serão melhores para expressar a grandeza de Deus aos incrédulos. Em muitas situações, a profecia é um dom que parece beneficiar a maioria das pessoas ao mesmo tempo na forma mais importante, já que “todo aquele que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e conforto”. Desse modo, “procurai com zelo os dons espirituais, especialmente o dom de profecia”.

Os versículos 1-3 não desvalorizam os dons espirituais, mas desvalorizam a pessoa que os usa sem amor. Os versículos são frequentemente apresentados como se Paulo pensasse que, a parte do amor, os dons seriam ineficazes. Novamente, isso perde o ponto. Se Paulo falasse em línguas sem amor, ele seria apenas um sino que tine, mas ele ainda falaria nas línguas dos homens e dos anjos. Ele nunca disse que não poderia fazer isso sem amor. Se ele profetizasse sem amor, então, ele disse que “nada seria” – a pessoa não é nada; mas, ainda assim, ele poderia ter “todos os mistérios e toda a ciência” – o dom nunca é nada. Se ele tivesse o dom da fé sem amor, então, novamente, “nada seria”, mas a montanha ainda seria movida. Se ele oferecesse tudo o que tem aos pobres sem amor, então, ele diz: “nada disso me aproveitaria”, mas os pobres ainda receberiam.

Os versículos 4-7 devem ser aplicados, em primeiro lugar, ao uso de dons. Paulo escreve: O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não é orgulhoso. Não é rude, não é egoísta, e assim por diante. Isso tem como alvo a maneira egoísta e divisionista em que poderiam ser utilizados os dons. Se uma pessoa está cheia de orgulho por causa do seu dom e menospreza outras pessoas, então ela não seria nada. Em vez de nós o admirarmos como ele deseja, ele deveria ser considerado um ninguém. E se uma pessoa aspira um lugar mais proeminente na igreja não para que ele possa fortalecer a congregação e ajudar mais pessoas, mas porque ele deseja receber atenção e aplauso, então ele não é nada, embora ele não é necessariamente ineficaz no que ele faz.

Embora o amor seja apresentado como a mais excelente base para os dons espirituais ele não uma alternativa para eles, na verdade, irá durar mais que todos eles. Profecia, línguas, milagres, cura, e assim por diante, irão cessar. A profecia é mencionada como imperfeita, não porque o dom em si seja defeituoso, mas porque oferece um conhecimento incompleto. Assim, “quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá”. Paulo não deixa o tempo da “perfeição” em dúvida. Ele escreve: “Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido”. Quando a perfeição vier, haverá um conhecimento “face a face”. Quando a perfeição vier, vamos conhecer plenamente, assim como nós somos totalmente conhecidos. Isso não será um conhecimento potencial, como o conhecimento que é revelado mas não completamente assimilado, mas sim um conhecimento real, pelo qual podemos saber assim como somos totalmente conhecidos. Quando isso acontecer, os dons cessarão, e não vamos sentir a falta deles, pois nada nos faltará.


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Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2011/01/14/the-way-of-love/

Traduzido por: Dione Cândido Jr.

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