terça-feira, 7 de junho de 2016

Nº 29



A QUEIMA DE LIVROS 
por Vincent Cheung

Quando isso se tornou conhecido de todos os judeus e os gregos que viviam em Éfeso, todos eles foram tomados de temor; e o nome do Senhor Jesus era engrandecido. Muitos dos que creram vinham, e confessavam e declaravam abertamente suas más obras. Grande número dos que tinham praticado ocultismo reuniram seus livros e os queimaram publicamente. Calculado o valor total, este chegou a cinquenta mil dracmas. Dessa maneira a palavra do Senhor muito se difundia e se fortalecia”  – Atos 19:17-20.

Não importa o quanto torcemos as Escrituras através de uma abordagem histórico-redentiva, e não importa o quanto tentemos pregar Cristo por toda a Escritura, sempre existirá uma passagem em um contexto definido que nós não conseguiremos escapar. Se as condições em torno do texto estão ausentes em nossos dias, então uma aplicação direta é dificilmente razoável, podendo promover apenas conversações vazias e expectativas frustradas.

Quando se trata da igreja moderna, as coisas não parecem boas. Com exceção de algumas seitas que apresentaram uma teologia problemática e foram vilipendiadas por outras tradições, quase todas as cláusulas que aparecem na nossa passagem foram ignoradas. Os cristãos geralmente não colocam as mãos sobre as pessoas (v.6a), e embora Atos dos Apóstolos registre uma série de exemplos em que o Espírito Santo é recebido como uma segunda experiência após a conversão (v.6b), eles nos dizem que todos esses casos foram exceções, e como exceção de todas as exceções, o Espírito Santo é recebido na conversão. Essa forma de raciocínio é o alicerce de várias das principais doutrinas tradicionais, e é uma maneira muito conveniente de se fazer teologia. Exceto para todos os casos em que, se eu estou errado estou sempre certo. Exceto para todos os casos em que, se a Bíblia diz algo diferente a Bíblia sempre concorda comigo. Maravilhoso.

Aqui, eu não tenho qualquer intenção de discutir esse tópico sobre o Espírito Santo. Neste momento, pouco me importaria se você pudesse até mesmo acreditar que a conversão é uma segunda experiência após o revestimento do Espírito. No entanto, e sempre que os cristãos recebiam isso, eles deveriam ter o poder do Espírito Santo. Não é? Conte-me! Não é? Os cristãos modernos quase não apresentam os sinais de poder, fé, sabedoria e graça que os primeiros discípulos possuíam. Eles não possuem línguas, nem profecia (v.6c). Eles não falam corajosamente (v.8a). Eles não discutem persuasivamente (v.8b). Eles não operam qualquer milagre, muito menos os mais extraordinários (v.11). Eles dependem quase exclusivamente da ciência médica para curar suas doenças (v.12), e alguns deles pensam que todos os espíritos maus desapareceram (v.12). Antes as pessoas estavam possuídas, agora elas estão apenas loucas.

Por isso, é difícil de ensinar essa passagem a fim de que o mesmo efeito possa ser produzido nessa geração, fazendo com que os incrédulos sejam tomados de temor (v.17b), para que o nome do Senhor Jesus seja engrandecido” (v.17c), e obrigue aqueles que nele acreditam a confessar abertamente suas más obras (v.17d). Na verdade, é fácil de ensinar essa passagem se dissermos o que ela diz. Até mesmo uma criança poderia entender. Mas é difícil fazer alguns cristãos acreditarem nela. Em vez disso, temos visto um efeito oposto sobre o mundo: os não-cristãos são tomados de desdém para conosco, e mesmo os cristãos não estão mantendo o nome de Cristo em alta estima.

O resultado é a dificuldade de fazer qualquer aplicação disso tudo, exceto se for para demonstrar como os cristãos modernos são fracos, sem fé, e impotentes. Estou certo de que pregadores desonestos e imaginativos poderiam extrair algum princípio histórico-redentivo nisso, não que a abordagem seja sempre um problema, mas sim que o texto em si é simples  poder miraculoso, numa medida assustadora, acompanhado do testemunho dos primeiros cristãos, foi tanto que as pessoas ficaram apavoradas e o nome de Cristo foi mantido em alta estima. É isso o que texto diz.

No entanto, uma vez que esse poder é agora negado, eu vou fazer o melhor que posso. Deixe-me pensar sobre isso. Aha! Pelo menos ainda sabemos como fazer fogo para queimar alguns livros (v.19). Nós ainda acreditamos no fogo, não é mesmo? O fogo não morreu com os apóstolos. Infelizmente, agora temos poderosos trituradores e um avançado sistema para eliminação de lixo. Ainda assim, consideremos as vantagens da queima de livros não-cristãos:

Primeiro, isso reflete uma desaprovação das religiões não-cristãs, com seus ensinamentos, suas práticas ocultas e todos seus tipos de magia, adivinhação e doutrinas esotéricas. Esses males antigos têm persistido até hoje, e é decepcionante ver o número de cristãos professos que se interessam, ou que se deixam conduzir, pela astrologia, bruxaria, necromancia, e todos os tipos de artes proibidas, ainda que elas sejam derivadas de modo mais ameno. Se você é um pastor, pergunte à sua congregação quantos ali estão consultando paranormais após a profissão de fé. Não peça para que ergam as mãos  a menos que você tenha o poder de Atos 19:4-16, não espere pela honestidade de Atos 19:18. Mas se você prestar atenção, talvez, irá ver alguns deles se contorcerem em seus assentos.

Em segundo lugar, isso retrata o castigo de Deus àqueles que estudam e praticam esses materiais proibidos. Apocalipse 21:8 diz que, juntamente com os incrédulos, idólatras e assassinos, serão lançados no lago de fogo todos aqueles que praticam artes mágicas. Esta cerimônia, onde os materiais não-cristãos são queimados com fogo, fornece uma imagem do que Deus fará com aqueles que não relegam estes às chamas. Ou eles desistem de seus livros para que esses sejam queimados pelo fogo terrestre, ou eles desistem de suas almas para que essas sejam queimadas pelo interminável fogo do inferno.

Em terceiro lugar, isso testemunha nossa concordância com Deus sobre a questão de que não há qualquer bondade ou salvação, mas apenas maldade, engano e blasfêmia, nos ensinamentos não-cristãos, especialmente em seus materiais espirituais e ocultistas, e que aqueles que acreditam e praticam os mesmos merecem ser punidos pelo fogo do inferno, que nunca se enfraquece e nunca se abranda.

Embora muitos de nós rejeitem o antigo poder dos apóstolos e, portanto, não participem dele, todos os pecados e manifestações antigas permanecem conosco. Negamos que poderes ocultos sejam reais, e se as coisas ficarem fora de controle, pedimos aos não-cristãos que nos salvem, prendendo essas pessoas em instituições para doentes mentais. Quando se tratar de coisas realmente assustadoras, vamos deixar os pentecostais lidarem com elas. Vamos deixar que os nossos loucos lidem com seus loucos. Os apóstolos demonstraram uma maneira melhor.

Devido às fortes demonstrações do poder divino, a palavra do Senhor muito se difundia e se fortalecia (v.20). Para aqueles que se dizem cristãos, e contudo rejeitam esse poder, ou pelo menos uma  extensão desse poder, o meu conselho é que você se atreva a pedir mais dele, e depois estenda seus pensamentos para receber um pouco mais. Se você não pode jogar fora a tradição religiosa que o proíbe de obedecer a Cristo, o qual através de Paulo lhe ordenou que desejasse dons e poderes espirituais, então, pela causa da igreja, deseje se afastar o quanto antes para que eles não o chamem de herege. E se você pedir ao Senhor por mais poder e eficácia no ministério do evangelho, pode ser que ele também lhe conceda humildade para dizer, talvez na privacidade de sua casa, quando ninguém estiver escutando: Senhor, eu creio, ajuda-me na minha incredulidade!


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Extraído de:
http://www.vincentcheung.com/2010/08/02/the-burning-of-books/

Traduzido por: Dione Cândido Jr.

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